Os brasileiros utilizam cada vez mais cartão de crédito ou débito, mas o país registra também o menor valor médio das transações entre as grandes economias desenvolvidas e emergentes, mostra um estudo do Banco Internacional de Compensações (BIS).
A decretação da morte do dinheiro em sua forma tradicional é amplamente exagerada, conforme pesquisa de quatro economistas do BIS. O dinheiro em circulação nas economias passou de 7% a 9% do PIB entre 2001 e 2016. Seguindo a tendência internacional, no Brasil o dinheiro em circulação aumentou de 2,7% para 3,7% do PIB entre 2001 e 2016.
A demanda por dinheiro continua imbatível no mundo e cresceu desde o começo da crise de 2007. Somente Suécia e Rússia mostram evidências de substituição de dinheiro por uso de cartão. A resurgência do “cash” tem mais a ver com reserva de valor do que com necessidades de pagamentos. Para o BIS, sua resiliência mostra a importância de se compreender as funções econômicas do dinheiro bem além das inovações tecnológicas e da proliferação de telefones celulares que permitem pagamentos imediatos.
Ao mesmo tempo, os pagamentos por cartão de crédito ou débito explodiram no mundo todo, passando de 13% a 25% do PIB entre 2000 e 2016. Os consumidores detêm mais cartões e os utilizam para pagar transações mais numerosas e de montantes mais modestos.
No Brasil, os pagamentos por cartão cresceram de 5,5% a 17,6% do PIB entre 2001 e 2016. Nos últimos 15 anos, o valor médio das transações com cartões caiu globalmente de mais de US$ 60 para menos de US$ 40. Mas esse declínio foi mais forte no Brasil, Coreia do Sul e Rússia. Em 2016, o menor valor médio de pagamentos com cartão foi de US$ 8 no Brasil e na Rússia.
No país, o uso médio de cartão por habitante passou de 7 vezes para 62 vezes por ano entre 2001 e 2016. Em países como Austrália, Coreia, Suécia e EUA, o uso médio é acima de 300 vezes por ano, enquanto na Índia e México é menos de 25 vezes, quase três vezes menos que no Brasil. Uma razão pela qual os cartões tem sido cada vez mais usados para pequenos pagamentos é a infraestrutura melhor e mais difundida.
Fonte: Valor Economico