Financiamento de veículos ainda representa mais da metade da carteira de crédito, que cresceu 6,4% em 12 meses e alcançou R$ 73,2 bilhões no fim de junho
O banco BV (antigo Votorantim) apresentou no segundo trimestre lucro líquido recorrente recorde de R$ 388 milhões, registrando crescimento de 76,4% sobre igual período do ano passado. O retorno recorrente sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 13,9%.
Passado o período mais crítico da pandemia, o BV está agora voltando aos trilhos, retomando uma trajetória de crescimento consistente de lucro e rentabilidade, afirma o presidente do banco, Gabriel Ferreira. Ao mesmo tempo, a estratégia é de diversificação. Embora o financiamento de veículos continue sendo essencial, a instituição aposta em outros pilares, como a área de “banking as a service”, parcerias com fintechs e em sua própria conta digital.
A carteira de crédito alcançou R$ 73,2 bilhões no fim de junho, crescimento de 6,4% em 12 meses. Desse total, o financiamento de veículos representou R$ 41,8 bilhões, com alta de 5,1%.
O custo de crédito registrou queda de anual 38,1%, refletindo a menor necessidade de fazer provisões. A inadimplência se manteve em 3,5%. “O índice de cobertura permaneceu em patamar bastante robusto, atingindo 242%, evidenciando a prudência do banco em um cenário econômico ainda incerto”, diz Rodrigo Tremante, vice-presidente financeiro do BV.
Segundo Ferreira, com esses patamares de cobertura e inadimplência o banco poderia até pensar em reversão de provisões, mas prefere manter a cautela e prosseguir com esse colchão.
No trimestre, o BV investiu em duas startups. Numa das operações, aumentou a participação no Portal Solar, que oferece soluções de energia solar, e tem a opção de adquirir integralmente a subsidiária chamada Meu Financiamento Solar. O financiamento de placas solares se tornou um negócio importante para o banco, com uma carteira de R$ 1,5 bilhão e expansão anual de 237%.
Outra transação, já aprovada pelo Banco Central, foi o aporte de R$ 100 milhões na fintech Trademaster, com o objetivo de reforçar a estratégia de desconto de recebíveis para pequenas e médias empresas (PME), além de destinar R$ 500 milhões para o funding. A carteira de PME atingiu R$ 900 milhões no fim do trimestre e, com a aquisição, o BV espera dobrar esse volume até o fim do ano.
Há algumas semanas, o próprio BV foi alvo de notícias de que estaria sendo adquirido pela PagSeguro. No entanto, Banco do Brasil e família Ermirio de Moraes, controladores, negaram que o ativo esteja à venda. Agora, Ferreira reforçou que não há qualquer movimento nessa direção. Em abril, o banco desistiu de realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO). O presidente diz que essa opção continua sendo a principal no planejamento estratégico da instituição, mas que não há data definida e lembrou que as eleições presidenciais no próximo ano podem dificultar a janela de ofertas. “Estamos acompanhando o mercado, esperando os múltiplos das instituições financeiras voltarem para os patamares pré pandemia, ter um ambiente mais favorável”.
Em banking as a service, o número de transações cresceu 308% no primeiro semestre, para 74 milhões. Um dos principais parceiros é o Abastece Aí, carteira digital dos postos Ipiranga, que tem mais de 3,5 milhões de contas abertas.
O BV também está reforçando a estratégia de conta digital. No primeiro trimestre, ela foi lançada para a base de clientes de cartões, com cerca de 1 milhão de pessoas. No segundo, foi estendida aos 2,5 milhões de tomadores de financiamento automotivo, e, agora, será oferecida para 12,5 milhões de clientes que já tiveram relacionamento com o banco e quem mais quiser. O BV diz que o ritmo diário de abertura de contas cresceu cinco vezes do primeiro para o segundo trimestre e que o app já foi baixado 3 milhões de vezes. Porém, Ferreira não abre o número total.
Apesar da intenção de acelerar o ritmo, o executivo diz não acreditar que a plataforma chegará a ser dominante para o BV, já que o objetivo do banco é ser um ecossistema completo de serviços digitais.
Fonte: Valor Econômico