Mas proposta para forçar queda não vingou
Antes protagonista quase solitário na operação de recursos equalizados do Tesouro Nacional no Plano Safra, o Banco do Brasil viu a concorrência aumentar nos últimos anos – são 12 instituições nesta temporada – e fez movimentos para manter inabalada a liderança no mercado.
Na formulação das regras do ciclo atual, o BB fez sugestões ao governo para reduzir os spreads da operação das linhas de crédito rural. Uma das propostas atrelava a queda geral dos Custos Administrativos e Tributários (CAT) dos programas de financiamentos agropecuários ao corte na exigibilidade da poupança rural dos atuais 59% para 56%. Até a safra 2019/20, o direcionamento dessa fonte era de 60%.
A sugestão não vingou, e a redução dos spreads limitou-se à queda da inadimplência no setor, hoje na casa de 0,74%. O CAT mínimo, que era de 3% na safra 2020/21, passou para 2,85% para linhas de investimentos, como ABC, Inovagro, PCA, Moderfrota e Proirriga. Outras caíram de 3,60% para 3,45%, como nos investimentos dos médios produtores, e de 6,10% para 6% no custeio do Pronamp. O custeio empresarial saiu de 6% para 5%. As taxas do Pronaf, no entanto, foram mantidas em 6,75% (custeio) e em 5% e 5,5% para investimentos.
A queda poderia ter sido maior e ter contemplado todas as categorias, segundo o vice-presidente de Agronegócios do BB, Renato Naegele, se o direcionamento da poupança rural (recurso que é equalizado) tivesse recuado. O banco é responsável por 90% do dinheiro dessa fonte. Segundo ele, não houve resistência com a medida, mas faltou tempo na formatação do plano.
“Se a exigibilidade é reduzida, eu consigo ser mais forte na redução do CAT e assumo compromisso de colocar o dinheiro”, afirmou. “A redução permite transferir esse ganho para o Tesouro Nacional. Quando reduzo o CAT, diminuo a pressão do dispêndio de equalização do Tesouro e automaticamente ele consegue oferecer uma taxa melhor para o tomador produtor rural ou colocar mais recursos no seguro rural”, afirmou.
Naegele diz que as exigibilidades vão diminuir com negociações, mas que dependem dos cenários de captação de recursos a cada ano. Ele reforça que a redução do direcionamento facilita as operações.
Fonte: Valor Econômico