Bancos fecham 1.600 agências e demitem mais de 15 mil funcionários

O fechamento de agências bancárias se tornou uma realidade com o avanço da digitalização do setor e avanço dos bancos digitais. Em um ano, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander fecharam 1.647 agências físicas, segundo dados divulgados nos balanços do segundo trimestre das empresas.

Com menos postos de trabalho, logo vieram as demissões: o Banco do Brasil demitiu quase 7 mil funcionários, o Bradesco, 9,4 mil. Itaú e Santander contrataram 810 e 78 colaboradores, respectivamente. No período, o saldo foi de 15.493 demissões nesses bancos.

Na contramão deste movimento, a Caixa Econômica Federal aposta na abertura de agências e de vagas. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) levantados pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT) mostram que foram abertas 2.498 vagas na Caixa no primeiro semestre deste ano.

Especialistas ouvidos pelo 6 Minutos apontam que as contratações na Caixa são reflexo da estratégia de abertura de agências da instituição, enquanto os bancos privados apostam cada vez mais no enxugamento da estrutura física e na ampliação dos canais de atendimento digitais.

“A Caixa quer expandir o raio de atuação com agências próprias, já que hoje, muitas vezes, está vinculada a correspondentes bancários, como as lotéricas”, afirma Luis Miguel Santacreu, analista em sistema financeiro da Austin Rating. Em maio, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, disse que abririam 130 agências até o final do ano.

Para João Augusto Salles, economista da Senso Corretora, também existe uma questão política por trás da postura. “A Caixa tem um apelo forte com o público de baixa renda, o que a motiva a ampliar a escala para o interior do país para dar mais acesso bancário aos brasileiros”, afirma Salles.

Corte nas agências

O Banco do Brasil cortou 390 agências em um ano, o Bradesco, 999, o Itaú, 114, e o Santander, 144, de acordo com dados divulgados no balanço de resultados das empresas.

“O objetivo lá na frente é realmente trabalhar com menos funcionários, até porque não faz sentido ter uma grande estrutura enquanto estão incentivando os clientes a utilizarem outros canais de atendimento. Acredito que a ideia é manter algumas agências abertas com um fluxo de pessoas muito menor”, afirma Santacreu.

Com a concorrência das fintechs e a queda nas tarifas pagas pelos consumidores, os bancos tradicionais precisaram rever o orçamento, principalmente em um cenário em que a digitalização foi acelerada pela pandemia.

“Os bancos privados não podem mudar a chave de uma hora para outra, é uma quebra de paradigma. O que acontece agora é que cada banco grande de porte está começando a migrar para o digital com suas fintechs próprias porque não tem como fugir disso”, afirma Salles.

O Bradesco foi o banco com maior número de fechamento de agências, mas o presidente da instituição, Octávio de Lazari Junior, disse em coletiva de imprensa que 400 agências serão convertidas em unidades de negócios.

Fonte: 6 minutos