Se 2017 promete ser um ano melhor para os bancos, a conta da recessão de 2016 é mais alta do que se esperava. Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil cortaram substancialmente as projeções feitas em janeiro para desempenho do crédito neste ano. Agora, os três bancos contemplam a possibilidade de que seu estoque de crédito encerre 2016 menor do que começou, em especial no universo corporativo.
Em junho, o volume de crédito dos cinco maiores bancos de varejo do país era de R$ 2,807 trilhões, queda de 2,84% ante o que tinham em março e de 1,01% no acumulado de 12 meses.
Além da atividade econômica aquém do esperado, outro fator que levou à revisão foi o câmbio. A valorização do real para além das expectativas iniciais do ano tem impacto direto sobre o tamanho da carteira denominada em moeda estrangeira dos bancos.
No Itaú, a incorporação dos números do chileno CorpBanca também pesaram na decisão de rever as expectativas. O banco projetava que o crédito encerraria o ano entre queda de 0,5% e alta de 4,5%. Neste trimestre, passou a esperar queda entre 5,5% e até 10,5%, incluindo o CorpBanca. A carteira de crédito do banco encerrou o segundo trimestre em R$ 608,6 bilhões, queda anual de 5,4%.
O Itaú, porém, espera alguma recuperação em 2017 e indicou que sua carteira de crédito voltará a crescer, em termos reais, no ano que vem. A expectativa do maior banco privado do país é de um aumento da ordem de 6% para o crédito no ano que vem, ante 5% de inflação. “Em 2018, o crescimento pode ser mais relevante”, disse Eduardo Vassimon, vice-presidente executivo e diretor financeiro do Itaú, a analistas.
O BB espera que sua carteira de crédito ampliada, que inclui avais e fianças, oscile de queda de 2% a alta de 1%. Antes, a projeção era de crescimento de 3% a 6%. No primeiro semestre, o estoque cresceu 1,2%. A revisão foi puxada pela pessoa jurídica. Antes, o banco esperava crescer de 1% a 4% no crédito a empresas. Agora, prevê uma queda de 10% a 6%. No semestre, houve queda de 5,4%. A projeção para pessoa física – crescimento de 5% a 8% – foi mantida, assim como a do agronegócio – 6% a 9%. “Obviamente, para 2017 a expectativa de crédito é bem melhor”, afirmou o presidente do BB, Paulo Caffarelli, durante a divulgação de resultados, mas sem precisar o quanto.
O Bradesco também reduziu suas projeções. O banco agora espera entre estabilidade e queda de 4% no estoque de crédito neste ano, ante expectativa anterior de avanço entre 1% e 5%. Mais uma vez, a maior mudança foi feita no desempenho de empresas. Antes, o banco trabalhava com cenário que ia de estabilidade a alta de 4% no volume. Agora, projeta queda entre 7% e 13%.
“Há espaço para recuperação do crédito no ano que vem, mas ainda modesta, sem voltar para dois dígitos”, afirmou Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do Bradesco, na divulgação de resultados. A área econômica do banco projeta 7% de expansão do crédito no sistema financeiro em 2017.
Fonte: Valor Econômico