Disputa por varejo do Citi no Brasil está entre Santander e Itaú

O processo de venda da unidade de varejo bancário do Citi no Brasil entra em sua reta final com dois concorrentes. Apenas o espanhol Santander e o brasileiro Itaú Unibanco restaram na disputa pela compra do ativo, de acordo com três pessoas a par do assunto. Até agora, entretanto, nenhum dos dois bancos obteve exclusividade para negociar.

Havia uma expectativa de que o processo de venda estivesse em estágio mais avançado, já que a meta inicial era concluir a transação agora em setembro. Mas as conversas prosseguem. O Banco Safra e um grande banco chinês participaram de etapas anteriores da disputa pelos ativos, porém não seguiram nas negociações.

Além da unidade de varejo brasileira, também estão à venda operações similares do Citi na Argentina e Colômbia. O Santander também está na disputa pelos ativos argentinos, enquanto o Itaú apenas pelos brasileiros. O Citi estaria dando preferência para compradores dispostos a comprar mais de um ativo, mas não descarta acabar vendendo para três nomes distintos.

Os ativos que estão sendo negociados no Brasil somam cerca de R$ 8 bilhões em operações de crédito, divididos entre cartões, cheque especial e outras modalidades de crédito pessoal. O pacote inclui 320 mil correntistas ao todo e 1 milhão de cartões. O banco também tem 127 agências no Brasil que devem passar para as mãos do vencedor. Estima-se que as operações à venda nos três países somem juntas algo em torno de US$ 10 bilhões em ativos.

Embora não seja um montante capaz de mover o equilíbrio de forças dos grandes bancos de uma forma geral, os ativos do Citi podem dar ao comprador, em especial ao Santander, um impulso em um dos principais – e mais rentáveis – segmentos bancários: a alta renda.

O Santander não divulga o total de clientes em seu segmento voltado para este público, o Select. Porém, quando criou essa faixa, em 2013, afirmou que pretendia ter 250 mil clientes nela até 2016. Os clientes Select são aqueles com pelo menos R$ 10 mil de renda mensal e R$ 30 mil aplicados.

Já o Itaú Unibanco fechou o segundo semestre com 955 mil clientes em seu segmento Personnalité, marca herdada do Banco Francês e Brasileiro (BFB), comprado em 1995. O Itaú diz ter aproximadamente R$ 246 bilhões investidos em fundos por clientes Personnalité e tem levado o segmento para suas demais unidades na América Latina.

A questão, segundo um interlocutor com conhecimento dos ativos à venda, é que uma parte importante dos clientes de varejo do Citi no Brasil já trabalham com outro banco. Os clientes compartilhados seriam mais de metade da base, o que influi no apetite do comprador.

O próprio Itaú arrematou, em 2013, a compra de outro ativo de varejo do Citi, a Credicard, que representava fatia relevante da operação de varejo do banco americano no Brasil. Na época, foram 4,8 milhões de cartões, com R$ 8 bilhões em ativos.

Após a venda, o Citi manterá no Brasil um banco voltado para empresas. Sua carteira de crédito em pessoa jurídica, segundo o Banco Central, era de cerca de R$ 14,16 bilhões no fim do segundo semestre, sendo que R$ 9,7 bilhões eram de grandes companhias.

A unidade brasileira do Citi encerrou junho com R$ 79,7 bilhões em ativos, 15,7% a mais que no mesmo mês de 2015. O banco teve lucro líquido de R$ 227 milhões nos seis primeiros meses do ano, com um avanço de 21,1% na comparação com mesmo período do ano passado.

Grande parte da melhora do resultado deveu-se à linha positiva de impostos do banco, de acordo com o balanço da instituição financeira. As despesas com provisão para devedores duvidosos, porém, subiram de R$ 250,5 milhões entre janeiro e junho de 2015 para R$ 415,6 milhões um ano depois.

Fonte: Blog Televendas