O Itaú Unibanco fez uma proposta melhor que a do Santander e se tornou o favorito para levar o varejo do Citi no Brasil. A instituição controlada por Roberto Setubal obteve o direito de negociar com exclusividade a compra dos ativos do banco americano no Brasil, segundo duas pessoas que acompanham as negociações.
Na fase final do processo de venda, apenas Santander e Itaú concorriam. O banco espanhol, no entanto, obteve a exclusividade para negociar a unidade de varejo do Citi na Argentina. Já a operação na Colômbia é negociada com o canadense Scotiabank, apurou o Valor. A expectativa é que o Citi anuncie nas próximas semanas o desfecho das três vendas.
O banco americano comunicou em fevereiro o objetivo de vender os ativos de banco de varejo nos três países. A expectativa do Citi inicial era anunciar as vendas em setembro.
O favoritismo do Itaú se consolidou na semana passada. Com a exclusividade, as negociações para a venda da operação brasileira de varejo do Citi entram em uma nova fase, agora com discussão mais detalhada de preço e de itens do contrato.
Alguns fatores pesaram a favor do Itaú nas negociações, segundo uma fonte. Além do preço que o banco estaria disposto a pagar, superior ao oferecido pelo Santander, fez diferença também o seu relacionamento com o vendedor. Os dois foram sócios em cartões, e o Itaú comprou do Citi a emissora de cartões Credicard e o banco de varejo no Uruguai em 2013. A forte sobreposição entre clientes das duas instituições aguçou o apetite do banco brasileiro em vez de afastá-lo, porque o Itaú não queria entregar seus clientes ao concorrente Santander.
Os ativos negociados no Brasil somam cerca de R$ 8 bilhões em operações de crédito, incluindo cartões, cheque especial e outras modalidades de crédito pessoal. O pacote inclui 320 mil correntistas e 1 milhão de cartões. O banco também tem 71 agências no Brasil que devem passar para as mãos do vencedor. Estima-se que as operações à venda nos três países somem juntas algo em torno de US$ 10 bilhões em ativos. Não há dados públicos sobre o nível de sobreposição com os clientes de outros bancos, tampouco o Citi dá a dimensão exata dos ativos à venda.
Caso saia vitorioso do processo, o Itaú vai conquistar um reforço para seu segmento de alta renda, o Personnalité, em um período em que a disputa por esses clientes tem crescido. O Bradesco, por exemplo, reforçou a participação de mercado perante esse público ao comprar a unidade brasileira do HSBC, enquanto Santander e Banco do Brasil têm refinado a segmentação e a oferta de produtos aos seus clientes Select e Estilo, respectivamente.
O Itaú fechou o segundo semestre com 955 mil clientes Personnalité, marca criada a partir da compra do Banco Francês e Brasileiro (BFB) em 1995. O número é 8,5% maior que em junho de 2015 e tem crescido anualmente em torno desse percentual desde 2013. Para fins de comparação, no segmento de renda até R$ 4 mil, o número de clientes está estável em 22 milhões desde, pelo menos, 2013.
O universo de clientes Personnalité inclui aqueles com renda mínima de R$ 10 mil ou investimentos acima de R$ 100 mil. A questão, porém, é que muitos dos correntistas do Citi já são clientes Personnalité.
O Itaú também tem conseguido aumentar o volume de recursos de clientes Personnalité em fundos do banco, que somavam R$ 264 bilhões em junho, 23,9% a mais que no mesmo período do ano passado. O segmento também conta com 342 agências físicas exclusivas, 5,9% a mais do que em junho de 2015. Vale lembrar, no varejo como um todo, o banco vem fechando agências.
Após a venda, o Citi manterá no Brasil um banco voltado para empresas. Em entrevista ao Valor publicada na segunda-feira, Jane Fraser, que comanda as operações do banco dos EUA na América Latina, minimizou a relevância para o Citi da venda dos seus ativos de varejo. Ela afirmou que o banco pretende crescer em lucratividade e ativos no país após a operação, concentrando-se nas franquias de atacado e banco de investimento.
Fonte: Blog Televendas
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