Faltando pouco menos de um trimestre para terminar o ano, o Banco Central (BC) estima que o volume de crédito deve registrar uma queda de 2% em 2016
A melhora substancial do mercado de crédito ficará para 2017. Faltando pouco menos de um trimestre para terminar o ano, o Banco Central (BC) estima que o volume de crédito deve registrar uma queda de 2% em 2016 em comparação com 2015, contrastando com a projeção anterior de um crescimento de 1%. A projeção para este ano, baseada nos dados do relatório sobre as operações de crédito, configura o pior resultado da série histórica iniciada em 2007.
O recuo é particularmente sensível no segmento de crédito com recursos livres, para o qual a expectativa do BC passou de uma contração de 3% para um retrocesso de 5% em 2016. O dado não chega a surpreender diante dos problemas do consumidor para obter financiamento para a compra de bens de maior valor.
Já as empresas comerciais e industriais, principalmente as de maior porte, têm se deparado com entraves para rolagem de empréstimos ou contratação de financiamento para capital de giro, mesmo arcando com pesado custo do dinheiro, em ascensão em diversas modalidades de crédito.
Entre outros motivos, a alta é atribuída à dificuldade de baixar a taxa de inadimplência das pessoas físicas (atrasos superiores a 90 dias), que permanece em 6,2% há meses, patamar muito elevado. Quanto à pessoa jurídica, a taxa estava em 5,2% em agosto, nível também considerado historicamente muito alto.
Publicidade
Quanto ao crédito direcionado, que inclui crédito rural, financiamento habitacional com recursos do FGTS, crédito à exportação e operações do BNDES com taxas subsidiadas, o crescimento previsto era de 3%, mas agora a autoridade monetária estima que não deve passar de 1%.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, observa que esses indicadores retratam uma situação que está ficando para trás: “Temos um mercado de crédito ao longo do ano muito influenciado pela retração econômica e pela elevação dos juros. Mas há mudança no ambiente”. Ele destacou a expectativa de maior aprovação de crédito para o setor habitacional e a reação da demanda por parte das micro e pequenas empresas.
Realisticamente, os analistas consideram que a demanda de crédito não deverá piorar de agora em adiante, esperando-se que a recuperação ainda demore algum tempo. Muito vai depender da trajetória da taxa básica de juros, a ser delineada pelas próximas decisões do Comitê de Política Monetária do BC.
Fonte: Estadão