Apesar de preverem que 2017 será um ano de recuperação, com crescimento real no faturamento, as empresas brasileiras pretendem segurar os investimentos, segundo pesquisa da Deloitte com 746 organizações que estão concluindo seus orçamentos para o próximo ano. Enquanto a receita líquida somada de todas essas empresas deverá avançar 8,3% (acima da inflação de 4,94% projetada pelo mercado), a projeção de alta de investimentos é menor, de 5%.
Novos aportes serão feitos apenas para manter a atividade e a estrutura das companhias, que hoje trabalham com alto índice de ociosidade – a utilização da capacidade instalada está em 77,4%, a menor desde 2003, início da série histórica da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o indicador.
Das empresas consultadas, somente 14% pretendem ampliar suas plantas. A substituição de equipamentos, entretanto, foi citada por 40%, ficando em segundo lugar entre os investimentos prioritários, atrás dos lançamentos de novos produtos ou serviços (48%). “Os parques industriais do País estão muito atrasados. O avanço tecnológico dos últimos anos foi sofrível”, afirma Othon Almeida, sócio da Deloitte.
Ainda de acordo com o levantamento, a parcela de companhias que registrará queda no faturamento diminuirá de 26%, neste ano, para 6%, em 2017. Pouco mais de 35% preveem crescimento de 10% a 20% para o ano que vem e 19% esperam uma alta superior a 20%.
A expectativa de melhora nos resultados decorre sobretudo da retomada de investimentos em infraestrutura, a ser impulsionada pelas privatizações do governo Michel Temer, além da maior confiança dos consumidores e das próprias empresas, afirma Almeida. Segundo ele, a reforma fiscal não preocupa. “O mundo está com bastante liquidez e há muita aplicação em países com juros negativos. Parte desse capital deve vir para cá com a queda da Selic e desencadear um ciclo virtuoso.”
Prioridades.
Com as concessões planejadas pelo governo federal, a infraestrutura também deverá concentrar os escassos investimentos previstos para 2017. Segundo a pesquisa da Deloitte, rodovias, energia elétrica e portos serão as áreas que terão os maiores aportes. Das empresas consultadas que pretendem participar de licitações, 37% atuam nesses segmentos.
As áreas de serviços financeiros, tecnologia, saúde e farmacêutica estão entre as mais otimistas. A catarinense Pollux, de automação industrial, por exemplo, estima alta de 25% no faturamento em 2017, sem descontar a inflação.
A expansão é pequena quando comparada com a de 100% de 2015, mas é animadora quando se considera que, neste ano, a receita ficou estacionada em R$ 50 milhões. “A capacidade ociosa impede que as empresas ampliem o número de encomendas de equipamentos, mas há uma tendência de aumentar a robotização e reduzir os quadros de funcionários”, afirma o presidente da Pollux, José Rizzo Hahn.
A Mundo Equipamentos, de locação de gruas e elevadores para obras civis, projeta crescer 30% no próximo ano e alcançar um patamar um pouco superior ao de 2015, após recuo em 2016. Investimentos, porém, não serão concretizados enquanto não houver sinais mais fortes de retomada econômica, diz o sócio Flávio Gomes Alay Esteves.
A expectativa do segmento de construção civil em geral, no entanto, é mais modesta que a de Esteves. O levantamento da Deloitte mostra que as companhias do setor, um dos mais abalados pela crise, estimam um incremento de 5% na receita líquida em 2017, após retração média de 10% neste ano. Quanto aos investimentos, o setor deverá encerrar 2016 no mesmo patamar de 2015, mas deve ampliá-los em 5% no ano que vem.
Uso de recursos.
77,4% é o uso médio da capacidade instalada no Brasil, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI); por isso, poucas empresas preveem investir em aumento de capacidade
40% é o porcentual de empresas que pretendem investir em novos maquinários do ano que vem, segundo levantamento feito pela Deloitte; só 14% pretendem ampliar suas plantas industriais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão