O estoque total de crédito no Brasil caiu 3,5% em 2016, a R$ 3,107 trilhões, pior resultado anual e o primeiro no vermelho na série histórica para saldos iniciada pelo Banco Central em março de 2007, num reflexo da forte recessão econômica e da deterioração do mercado de trabalho.
O resultado divulgado nesta quinta-feira (26) veio pior que a expectativa do BC de uma retração de 3%, divulgada no mês passado.
“A contração do crédito em 2016 refletiu a retração da atividade econômica e seus impactos na demanda de consumo e investimento, e o aumento da percepção de risco do sistema financeiro. Destacou-se a redução na carteira de pessoas jurídicas, que repercutiu, adicionalmente, o efeito de expressivas liquidações de contratos de grandes empresas”, avaliou o BC em nota.
Apesar de o BC ter iniciado o ciclo de redução dos juros básicos em outubro, o ano de 2016 foi também marcado pelo encarecimento dos financiamentos e aumento da inadimplência e dos spreads bancários.
Considerando apenas o segmento de recursos livres, em que as taxas são definidas livremente pelas instituições financeiras, houve elevação de 4,7 pontos percentuais nos juros médios no ano, a 52% em dezembro.
Por sua vez, o spread, que mede a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final, subiu 8,1 pontos em 2016, a 40,2 pontos percentuais. Já a inadimplência cresceu 0,4 ponto, a 5,7%.
Na comparação mensal, entretanto, todos esses indicadores apresentaram melhoria, já sob o efeito das duas reduções na Selic, de 0,25 ponto cada, que foram feitas no ano. Entre novembro e dezembro, os juros médios no segmento de recursos livres caíram 2 pontos percentuais. O spread recuou 1,7 ponto percentual e a inadimplência, 0,1 ponto.
Em dezembro, o estoque de crédito também apresentou modesto crescimento de 0,1% sobre sobre o mês anterior.
Em 2017, para o qual o governo espera uma recuperação econômica após dois anos de profunda retração na atividade, o BC vê o estoque total de crédito subindo 2%.
Cartão de crédito
Na semana passada, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que o Conselho Monetário Nacional (CMN) editaria norma em breve para limitar o prazo máximo do rotativo do cartão de crédito para 30 dias. O CMN se reúne nesta quinta-feira.
O governo chegou também a estudar uma diminuição do prazo de pagamento das empresas de cartões aos lojistas caso os juros do segmento não diminuíssem.
Em dezembro, a taxa cobrada no rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas seguiu em alta, encerrando 2016 a um patamar recorde de 484,6 por cento ao ano. A elevação foi de 2,4 pontos sobre novembro e de robustos 53,2 pontos percentuais no ano.
Fonte: UOL