Por que colaborar é melhor que competir, até entre concorrentes

Paulo Fernando Silvestre Jr.

LinkedIn Top Voice | Speaker | Executive for digital products, media and e-commerce | Professor

Se você costuma me acompanhar aqui no LinkedIn, provavelmente sabe que estive em Boston (EUA) na semana passada, participando do Red Hat Summit. Quando me perguntam qual foi a coisa mais bacana que vi lá, eu respondo: o conceito de colaboração que permeava o evento. Fiquei impressionado como até mesmo concorrentes podem fazer isso com grande sucesso! Então eu lhe pergunto: você e sua empresa conseguiriam fazer isso hoje?

Não chega a ser uma surpresa ver tanta colaboração em um evento de uma companhia que é a líder mundial em software open source. Mas o que me chamou a atenção é como essa filosofia transcendeu o desenvolvimento de software e está modificando a maneira como empresas de qualquer ramo fazem seus negócios, de uma maneira mais moderna, ágil e eficiente.

Para quem não sabe o que open source, trata-se de uma modalidade de desenvolvimento em que alguém baixa um software cujo código-fonte está “aberto” (pronto para ser editado), realiza modificações no produto e o republica para que outros possam fazer outros incrementos a partir dessa versão melhorada. Entre as vantagens disso, estão produtos com mais recursos e muito mais estáveis, pois, ao invés de ser desenvolvido apenas pela equipe de uma empresa, é melhorado por uma boa parte de toda a comunidade de seus usuários. O exemplo mais emblemático dessa modalidade é o Linux, um sistema operacional que rivaliza com o Windows, especialmente em servidores corporativos.

No caso de negócios, a colaboração pode surgir de diferentes maneiras, como, por exemplo, no compartilhamento de recursos. Um exemplo interessante é o do Estadão e da Folha, que entregam seus jornais com os mesmos caminhões já há alguns anos. Concorrentes ferozes nos anos 1990, inclusive para ver quem chegava primeiro às bancas, a crise dessas empresas fez com que elas percebessem que era muito mais vantajoso juntar forças nessa questão operacional e continuar concorrendo naquilo que é realmente o seu negócio: a produção de conteúdo.

Aliás, a concorrência cada vez mais acirrada é hoje uma grande impulsionadora para a colaboração. Mas nem sempre foi assim. O ditado “farinha pouca, meu pirão primeiro” explica o pensamento ainda dominante no mundo empresarial, que preconiza que, se o mercado está pequeno, se os recursos são escassos, o melhor a fazer é pisar na cabeça do concorrente e, se possível, tirá-lo do negócio.

Nada mais equivocado!

Fonte: LinkedIn