BRASÍLIA – A taxa de juro média cobrada pelo sistema financeiro nas suas operações de crédito registrou queda de 1,9 ponto percentual, saindo de 32,1% ao ano em março para 30,2% em abril. Foi a maior queda da série estatística contabilizada pelo Banco Central (BC), diz o chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel.
A queda dos juros ocorreu em abril tanto para pessoas físicas como jurídicas. As taxas recuaram 2,7 pontos percentuais para as famílias, ficando em 39,7%. No caso das empresas, a taxa baixou 0,8 ponto, para 19,2%. Ante abril de 2016, a taxa média declinou 3,1 pontos.
Olhando o juro com recursos livres, a taxa para as pessoas físicas passou de 72,7% ao ano em março para 68,1% ao ano em abril. O custo do dinheiro para as empresas foi de 27,5% para 26,3% ao ano. O juro total com recursos livre fechou abril em 49,1%, vindo de 52,5% em março, uma diferença de 3,4 pontos, a maior da série estatística do BC.
De acordo com Maciel, esse movimento pode ser explicado pelas mudanças nas regras do cartão de crédito e também pelo ciclo de afrouxamento monetário. “Pode haver defasagem, como houve, mas já havíamos dito que a tendências era essa. E agora estamos observando uma intensificação desse movimento”, explicou
A queda dos juros médios do sistema mostra compatibilidade com a redução do spread, que diminuiu de 23,8 pontos percentuais em março para 22,3 pontos em abril. Já o custo de captação das instituições saiu de 8,3% ao ano em março para 7,9% em abril. Em 12 meses, o custo de captação recuou 2,2 pontos percentuais, enquanto o spread caiu 0,2 ponto.
Nas operações de crédito com pessoas físicas, o spread ficou em 30,9 pontos percentuais, ante 33,2 pontos em março. No crédito às empresas, foi verificada baixa de 11,7 pontos percentuais para 11,2 pontos no mês passado.
Inadimplência
A inadimplência média das operações de crédito no sistema financeiro apresentou estabilidade em abril em 3,9%, mesma taxa de março após revisão. Em 2016, apesar da retração econômica e do aumento dos juros, a inadimplência subiu apenas 0,3 ponto percentual, depois de encerrar 2015 e 3,4%.
Entre as empresas, que lideraram os calotes no ano passado, a taxa média ficou em 3,8% no quarto mês de 2017, ante 3,7% em março. Entre as famílias, a taxa permaneceu em 4% pelo quarto mês consecutivo.
No crédito com recursos livres, a inadimplência das empresas se manteve em 5,6%. A taxa das famílias seguiu em 5,9%. Assim, a inadimplência total com recursos livres ficou estável em 5,7% em abril.
No crédito direcionado, a inadimplência total subiu de 2% em março para 2,2% em abril. A taxa para as empresas foi de 2,2% e a das pessoas físicas, de 2,1%.
Os empréstimos com recursos livres são aqueles cujas taxas são definidas livremente entre os bancos e os tomadores em cada operação. Incluem, por exemplo, cheque especial, cartão de crédito e financiamento de veículos.
O crédito direcionado é composto por operações cujos juros ou cuja fonte de recursos são definidos pelo governo, como o financiamento habitacional e o crédito rural, por exemplo.
Fonte: Valor Econômico