Demanda por crédito determinará crescimento em ativos, diz Itaú

SÃO PAULO  –  (Atualizada às 11h38) O Itaú Unibanco está pronto para voltar a crescer em ativos assim que houver demanda por crédito. A afirmação é de Candido Bracher, presidente executivo do Itaú Unibanco. “Se os ativos não crescerem, vai ser difícil aumentar os resultados no próximo ano”, disse o executivo, em teleconferência com analistas.

A queda da taxa básica de juros (Selic) coloca pressão sobre a margem financeira do banco, segundo Bracher. “Para crescer [a margem], precisamos de crescimento na carteira de crédito”, afirmou, ao acrescentar que o Itaú deve ser capaz de manter a margem estável ao longo do tempo.

Questionado sobre a tendência para a inadimplência, Bracher disse que a impressão é que o pior ficou para trás. O presidente do Itaú atribuiu o aumento de créditos em atraso no varejo no segundo trimestre a um fator sazonal. As despesas de provisão contra perdas (PDD) no crédito registraram melhora no atacado no período.

O desempenho da carteira de crédito do Itaú Unibanco, porém, deverá ficar no piso das estimativas (guidance) do banco no ano. “Os eventos de maio nos levaram a acreditar que vamos entregar um crescimento do crédito na base no guidance”, disse Bracher, em referência ao agravamento da crise política com a delação premiada dos donos do frigorífico JBS.

O presidente do Itaú disse que a originação de crédito da instituição já vem aumentando. “Esperamos que a tendência continue até chegarmos à parte baixa do guidance”, disse, em teleconferência com analistas. O Itaú vê um crescimento nulo ou de até 4% para o crédito neste ano. “À frente, no setor corporativo, ainda há algum espaço para melhora, mas não muito”, afirmou Bracher.

Durante a teleconferência para comentar o resultado do banco entre abril e junho, o executivo afirmou que o cenário de grande instabilidade afetou a confiança e o processo de retomada do crédito no país. Sem considerar o efeito positivo da variação cambial, a carteira de crédito expandida do maior banco privado brasileiro apresentou queda de 1% no trimestre e de 4,2% em 12 meses.

Bracher afirmou que ainda não está muito claro quais segmentos podem responder primeiro à recuperação da economia. “A retomada pode vir antes para indivíduos que para empresas. Os empréstimos corporativos vêm num segundo momento”, acrescentou.

Além do crédito, as receitas de serviços do banco foram afetadas pela instabilidade, segundo Bracher. No semestre, o faturamento com serviços aumentou 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 9,5 bilhões.

O Itaú registrou uma pequena contração em receitas no primeiro semestre, mas essa redução foi mais que compensada pela queda do custo do crédito, segundo o executivo. “Mas o credito está se recuperando, mostrando retorno em linha com nosso custo”, disse.

“Nosso ROE mostra estabilidade da nossa performance mesmo em um ambiente difícil”, disse. O banco atingiu uma rentabilidade consolidada de 21,5% no segundo trimestre, acima dos 20,6% do mesmo período de 2016.

Questionado durante teleconferência com analistas, Bracher disse que o retorno (ROE) das operações de crédito pode superar “modestamente” o custo de capital neste ano. No primeiro semestre, o ROE de crédito do Itaú foi de 14,5%, em linha com o custo de capital da instituição. “Para 2018 ainda não faremos previsão, mas  manteremos foco em controle de custos e eficiência”, disse o executivo.

Bracher afirmou ainda que a redução da taxa básica de juros afetou o resultado da área de seguros do banco. “O desempenho também foi afetado pela saída de algumas áreas”, explicou.

Margem  Segundo ele, o crescimento da margem financeira do Itaú Unibanco em 2018 dependerá de um crescimento da carteira de crédito maior que o esperado. O executivo destacou que a queda da taxa básica de juros (Selic) e a mudança na regra do crédito rotativo no cartão são “ventos contrários” para a margem financeira do banco. Para este ano, a expectativa do Itaú é que o indicador fique relativamente estável.

Ainda segundo Bracher, o banco deve registrar uma margem com o mercado, que inclui o resultado da tesouraria, em torno de R$ 6 bilhões neste ano. 

Acúmulo 

O Itaú Unibanco considera alternativas para lidar com o excesso de capital no balanço, como o aumento de dividendos, segundo o presidente. O banco encerrou o segundo trimestre com um índice de capital principal de 15,7%.

Considerando a aplicação integral das regras de Basileia 3 e as aquisições dos negócios de varejo do Citigroup no país e a participação na XP Investimentos, ficaria em 13,5% no segundo trimestre, ainda bem acima do mínimo regulatório.

“Estamos avaliando cautelosamente. Se concluirmos que o índice de capital permanecerá elevado mesmo com aquisições, podemos adotar medidas”, disse Bracher, em teleconferência com analistas.

Canais digitais

 As transações bancárias feitas pelos canais digitais, como internet e celular, representaram 77% do total realizado no Itaú Unibanco no segundo trimestre, um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao ano passado, afirmou Candido Bracher, presidente-executivo do Itaú Unibanco.

“Queremos estar à frente do processo de transformação digital”, afirmou Bracher, em teleconferência com analistas para comentar o balanço do segundo trimestre do banco. O processo de mudança para os canais digitais está entre os seis principais desafios traçados pelo Itaú.

Fonte: Valor econômico