Fintechs especializadas em negociação de dívidas e financiamento para empresas esperam um crescimento na base de clientes, mesmo com a estagnação da economia. “A crise afeta o bolso de todos, mas como o brasileiro é muito preocupado em não ‘sujar o nome’ ou perder bens, muitos nos procuram para evitar esse impasse e não receber ligações de cobradores”, explicam os sócios da Kitado, Alexandre Lara e Paulo de Tarso. A startup já fechou 550 mil acordos este ano, ante 250 mil negociações em 2016.
Lançada em 2014, a empresa paulistana de 52 funcionários funciona como uma plataforma gratuita de negociação de dívidas, sem o uso da cobrança por telefone. É parceira de mais de 20 instituições financeiras, como Itaú e Santander. Um dos últimos contratos fechados foi com a Via Varejo. “Estamos em fase de expansão para setores não-financeiros como educação, governo, telecom e utilities”, diz Lara.
Desde o segundo semestre de 2016, a Kitado cresceu 45% em volume de negociações e trabalha com um banco de dados dos credores, que soma mais de seis milhões de CPFs. Os picos de atividade ocorrem no quinto dia útil de cada mês e no final do ano, por conta do décimo-terceiro salário. “Este ano, tivemos mais movimentações por conta dos saques das contas inativas do FGTS”. Para ajudar consumidores a organizar as finanças pessoais, a empresa lançou em junho o Tudo Kitado, um site de indicações para obter renda extra em horários livres. Por meio de 12 perguntas, o serviço mostra como é possível encorpar o orçamento familiar com ocupações como motorista de aplicativos de táxi ou fazendo entregas.
Para Guilherme Rangel, CEO da Portfy, que deve ser lançada em três meses, a ideia é criar um marketplace de portabilidade de crédito baseado em leilão reverso. A ferramenta conecta consumidores com as instituições financeiras para fechar o melhor negócio entre as partes. “Queremos ajudar os usuários a reduzir o impacto das dívidas e apoiar os bancos a captar novos clientes”, diz Rangel, que planeja fazer parcerias com pequenos e médios bancos, financeiras, fintechs e cooperativas de crédito. A estimativa é ter um faturamento bruto de R$ 3 milhões em 2018 e de R$ 7,2 milhões em 2019.
Na QueroQuitar, desde 2015 no mercado, o modelo de negócio também é baseado em uma “mesa de negociação” on-line entre devedores e credores. As empresas concentram seus créditos no site, enquanto os devedores discutem valores e pagam os acordos para as companhias, explica o CEO Marc Lahoud, que já firmou 12 parcerias com grupos como Porto Seguro, Bradesco e Qualicorp.
Os negócios cresceram acima de 500% entre o primeiro semestre de 2016 e o mesmo período de 2017. A base de CPFs cadastrados supera 2,1 milhões de nomes e o empreendimento procura investidores. “Queremos captar R$ 3 milhões e aplicar em equipes, marketing e produtos”.
Dan Cohen, CEO e fundador da F(x), de soluções de financiamento corporativo, diz que a crise surpreendeu positivamente porque o crédito encolheu e as empresas precisavam de outras fontes de financiamento, diversidade de condições e melhores taxas. “Criamos alternativas para necessidades de financiamento de médio e grande porte, por meio de um pregão eletrônico”, diz o empresário, que mira clientes com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 1,5 bilhão. Cohen começou a empresa sozinho e depois contou com a ajuda do eGenius que, em troca de participação na companhia, forneceu equipes de tecnologia e produto. “Foi a melhor decisão que eu poderia ter feito”, afirma o CEO, que agora conta com 20 profissionais e 500 empresas cadastradas.
Fonte: Blog Televendas