As mudanças foram positivas para os consumidores? Tire suas dúvidas
A resolução do Banco Central que dispõe sobre as novas regras de financiamento do saldo devedor da fatura do cartão de crédito é a nº 4.549, e diz, entre outras coisas, que se o valor da fatura não for pago integralmente no vencimento, a modalidade de crédito rotativo só poderá ser utilizada até o vencimento da próxima fatura, quando então deverá ser paga integralmente com os juros e encargos. Não sendo possível, poderá ser financiado através de uma linha de crédito com pagamento parcelado, desde que em melhores condições do que as oferecidas no crédito rotativo.
Essa mudança só será positiva dependendo da negociação que for acordada entre as partes e não deve ser entendida, de forma alguma, como um estímulo para aumento de gasto ou uso do cartão de crédito!
Quando me perguntam sobre cartão, sou pragmático. Esse assunto não dá espaço para romantismo e seu uso exige controle e responsabilidade. O cartão é um instrumento de pagamento, não é um complemento de renda e nem um meio mágico para que se possa realizar sonhos e comprar tudo o que se deseja a qualquer momento. O que determina isso é a sua capacidade de gerar renda e de administrar bem os seus recursos (não só financeiros).
Quando se utiliza dinheiro vivo, conseguimos perceber o quanto está se gastando, e quando acaba, simplesmente não se compra mais. Mas com o cartão em mãos, além de ser possível continuar comprando, conforme os dias passam, não lembramos mais dos gastos nem dos valores, o que se agrava se a pessoa tiver mais de um cartão e muitas contas parceladas. Isso ocorre porque recorremos às imprecisas contas mentais, o que pode levar ao descontrole financeiro e sério comprometimento do orçamento.
Sendo absolutamente direto: Pague o valor total da fatura do seu cartão de crédito no vencimento.
Se você precisa comprar algo, mas percebe que não tem como pagar o valor integral da fatura no vencimento, não use o cartão. Se não puder postergar a compra até ter a quantia necessária, use outra forma mais barata para financiar o bem em questão que se encaixe no seu orçamento. Perceba que há aqui, uma diferença entre a compra financiada pela loja, que é lançada mês a mês na fatura do cartão, de acordo com o número de parcelas acordadas na hora da compra, e o parcelamento da fatura do cartão através do crédito rotativo. Mesmo assim, fique de olho para ver se não tem juros cobrado nesse parcelamento.
Se você se descontrolou e entrou no rotativo do cartão, atenção: a nova regra não significa que o parcelamento realmente será vantajoso para você, além disso, poderá ficar inadimplente caso não tenha capacidade financeira para fazer frente à nova proposta de financiamento.
Se tiver condições, pague o total do saldo devedor total do rotativo, se não for possível, tente uma linha mais barata – que não precisa ser na mesma instituição – como um empréstimo pessoal. Isso te dará um fôlego financeiro nos próximos meses até você reequilibrar as suas contas. Não esqueça de levar em consideração as despesas já contratadas e recorrentes, como alimentação, aluguel, luz, telefone, mensalidade escolar, compras anteriores parceladas no cartão de crédito, entre outras.
Negocie! Antes de aceitar a nova proposta de financiamento, compare com outras instituições, informe-se sobre todas as taxas cobradas, analise se o prazo é adequado e quanto da sua renda será comprometida! Esse valor financiado será descontado do seu limite de crédito e pode fazer com que não seja possível usar o cartão temporariamente. Conforme você paga as parcelas, o limite é liberado novamente.
Acompanhe todos os lançamentos na fatura e se estiver em débito automático, cuidado com o saldo da conta para não usar o limite do cheque especial. Por outro lado, se você é uma pessoa disciplinada, além de ser mais seguro do que andar com grandes quantias em dinheiro no bolso, o cartão pode ajudá-lo no controle do orçamento se você programar seus gastos para a data de vencimento da fatura.
Além disso, alguns cartões dão acesso a vários benefícios interessantes como: sala VIP em aeroportos, programas de pontos que podem ser trocadas por passagens aéreas ou produtos, cash back, onde um percentual das compras volta em crédito na fatura, assistência jurídica no exterior, seguro médico e de aluguel de carro em viagens, entre outros, mas isso não é gratuito! Em alguns casos, a anuidade passa dos R$ 900,00. Sempre avalie qual a melhor opção para você! Dependendo do seu perfil, alguns benefícios podem ser desnecessários, sendo mais apropriado um cartão básico.
Se tiver dúvida ou insegurança ao decidir, fale com o seu gerente. Ele tem que te passar todas as informações necessárias para que você se sinta confortável para tomar a melhor decisão. Se não for suficiente, recorra a alguém de confiança, um planejador financeiro ou órgão competente, como o Banco Central ou Procon.
Fonte: Época Economia