O índice de inflação divulgado nesta quinta-feira (8) pelo IBGE foi surpreendentemente positivo. Ficou muito abaixo do que projetavam os analistas do mercado financeiro. E isso deve provocar revisão para baixo das projeções de inflação para 2018.
Na pesquisa Focus divulgada segunda-feira pelo Banco Central, a projeção para o IPCA de janeiro era de 0,40%. Ficou em 0,29%. Para fevereiro, a projeção é de 0,44%. Não será surpresa se essa projeção vier para baixo na semana que vem.
A inflação de janeiro foi concentrada em basicamente dois grupos: alimentação (0,74%) e transporte (1,1%). Neste último caso, a inflação foi impulsionada pela alta da gasolina, diesel, passagens urbanas.
No caso de alimentos, uma variação dentro de uma situação de normalidade no abastecimento. A safra agrícola está começando e, embora seja menor do que a do ano passado, ainda assim será robusta. No mais, a flutuação normal de preços das frutas e verduras.
Em doze meses, o grupo alimentação ainda registra deflação de 1,49%. Lembrando: no ano fechado de 2016, a alta foi de 8,62% e, em 2015, de 12%.
O comportamento da inflação neste início de ano está sendo ajudado por um fenômeno que já vem sendo apontado pelo Banco Central e reforçado no comunicado de ontem do Copom: inflação baixa por um longo período ajuda a manter a inflação baixa para frente.
Isso se explica pela ainda resistente cultura da indexação, que consiste em reajustar os preços dos bens e serviços pela inflação passada. Como a inflação passada, mês a mês, tem sido muito baixa, o fenômeno da indexação perde relevância na formação dos preços.
A inflação de janeiro, muito abaixo do que se esperava, reforça ainda outra possibilidade apontada ontem no comunicado do Banco Central: a de nova redução da taxa de juros na reunião de março do Copom.
Hipótese que pode não se confirmar por outra razão, também indicada pelo comunicado: o Congresso não aprovar a reforma da Previdência, tornando ainda mais incerto o processo de ajuste das contas públicas, o ponto mais vulnerável da nossa economia.
Fonte – G1 Economia