SÃO PAULO – (Atualizada às 8h10) O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,102 bilhões no primeiro trimestre de 2018, alta de 9,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado ficou acima da projeção média de R$ 4,903 bilhões dos analistas consultados pelo Valor.
O lucro contábil do segundo maior banco privado brasileiro ficou em R$ 4,467 bilhões, com alta de 17,8% no trimestre e de 9,7% em 12 meses.
O retorno sobre o patrimônio líquido ficou em 18,6% no trimestre, acima dos 18,3% do mesmo período do calendário anterior. O indicador de rentabilidade do Bradesco ficou, contudo, pelo segundo trimestre consecutivo abaixo do rival Santander, cujo retorno foi de 19,1% no período de janeiro a março deste ano.
A margem financeira total foi de R$ 15,686 bilhões no primeiro trimestre, com queda de 0,8% em três meses e baixa de 2,2% na comparação com os três primeiros meses do ano anterior.
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) do Bradesco ficaram em R$ 3,892 bilhões no primeiro trimestre, com queda de 28,0% em três meses e retração de 26,3% em 12 meses. Pela primeira vez o banco passou a usar um critério expandido, que inclui impairment de ativos financeiros.
“No primeiro trimestre de 2018 reclassificamos as despesas com impairment de ativos financeiros (operações com características de crédito, no conceito expandido, em sua maioria debêntures) da margem financeira para a PDD, inclusive dos períodos anteriores, para melhor efeito de comparabilidade”, diz o banco. Segundo o Bradesco, a redução no PDD reflete a melhora da qualidade da carteira de crédito, menores descontos concedidos e menor impairment de ativos financeiros.
O PDD “tradicional” foi de R$ 3,637 bilhões, com queda de 25,2%. Já o impairment de ativos financeiros ficou em R$ 255 milhões, com retração de 39,3%.
Ainda de janeiro a março, o Bradesco apontou que o spread líquido nas operações de crédito subiu para 7% ao ano, ante 6,8% em dezembro e o mesmo percentual em igual período de 2017. O spread bruto, porém, mostrou leve queda, passando de 11,7% anuais no trimestre final de 2017 para 11,6% nos três primeiros meses deste calendário. No primeiro trimestre de 2017, era 12%.
Inadimplência
O Bradesco apontou ainda que a inadimplência (acima de 90 dias) caiu para 4,4% no primeiro trimestre, de 4,7% em dezembro e 5,6% em março de 2017. No caso das grandes empresas, o volume de operações desse segmento com atraso superior a 90 dias subiu de 1,89% em dezembro de 2017 para 2% da carteira de crédito em março. Houve queda, no entanto, em relação aos 2,3% apresentados no mesmo período do ano anterior.
No segmento de pessoas físicas, a taxa de calotes baixou para 5,07% no fim do primeiro trimestre de 2018, um recuo de 0,43 ponto percentual no trimestre e de 1,63 ponto em um ano. Na carteira de micro, pequenas e médias empresas, a inadimplência ficou em 6,12%, o que representa queda de 0,51 ponto em três meses e de 2,18 pontos em 12 meses.
O Bradesco também apontou uma piora em seu índice de inadimplência antecedente. As operações com atraso de 15 a 90 dias subiram para 4,18% da carteira em março, ante 3,97% em dezembro. Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, houve queda de 0,12 ponto.
No segmento de grandes empresas, o indicador subiu de 0,57% em dezembro para 1,4% em março. Entre pessoas físicas, subiu de 5,14% para 5,43%. Nas micro, pequenas e médias companhias, caiu de 6,06% para 5,21%.
O banco atribuiu a piora do indicador no trimestre às questões sazonais típicas do início do ano e a casos pontuais de clientes corporativos. Segundo o banco, o aumento da inadimplência de curto prazo não representa uma mudança de tendência.
Carteira de crédito
A carteira de crédito expandida do Bradesco, que inclui avais e fianças, somava R$ 486,645 bilhões no fim do primeiro trimestre, baixa de 1,3% em relação ao saldo de dezembro e queda de 3,2% em 12 meses. O portfólio voltou a encolher, refletindo o desempenho das operações com pessoa jurídica. O recuo foi de 1,3% em relação a dezembro e de 3,2% na comparação com março do ano passado.
A carteira de pessoas jurídicas totalizava R$ 308,831 bilhões, com queda de 2,7% na comparação com o fim do ano passado e de 6,7% no intervalo de 12 meses. A redução se deveu principalmente ao segmento de grandes empresas, mas o desempenho de micro, pequenas e médias companhias também foi negativo (nesse caso, houve queda de 0,3% no trimestre e de 4,7% no ano). Linhas como capital de giro, operações no exterior e repasses de BNDES encolheram no primeiro trimestre.
A carteira de pessoas físicas, no entanto, já opera em terreno positivo, com um estoque de R$ 177,814 bilhões no fim de março. O volume cresceu 1,3% em três meses e 3,5% em relação a março de 2017. No trimestre, houve crescimento em todas as linhas, com exceção de cartões de crédito.
Fonte: Valor econômico