Para reduzir dívida, CSN quer vender mais R$ 4 bi em ativos até o fim do ano

Siderúrgica da família Steinbruch espera levantar R$ 2 bi em operações ainda no 1.º semestre; na lista dos ativos estão ações da Usiminas e porto de contêineres, no Rio

Após anunciar a venda da usina LLC, nos Estados Unidos, para a Steel Dynamics por US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,46 bilhão), o presidente da CSN Benjamin Steinbruch garantiu que a operação foi apenas o primeiro um movimento para diminuir as dívidas da companhia. O objetivo é vender mais R$ 4 bilhões em ativos neste ano. Metade disso, ainda no primeiro semestre.

Em teleconferência com analistas, Steinbruch disse que a CSN, que passou anos rejeitando ofertas que considerava abaixo do preço justo por seus ativos, quer reduzir a alavancagem para abaixo de três vezes até o fim do ano. Em março, o índice estava em 5,82 vezes. 

O executivo citou como possíveis vendas as ações preferenciais da Usiminas detidas pela CSN, o porto de contêineres no Rio de Janeiro (Tecon), a usina Lusosider (Portugal) e ativos de mineração fora da unidade Congonhas Minérios. 

O presidente da CSN esclareceu que, apesar da venda da subsidiária americana, a companhia continuará a atuar comercialmente no país, porque a operação com a Steel Dynamics não engloba o negócio de importação e distribuição. “A LLC será agora uma distribuidora, e, eventualmente, uma produtora no mercado americano”, disse Steinbruch. A empresa informou que o acordo, anunciado na segunda-feira, resultará em uma redução de R$ 1,8 bilhão na dívida líquida da companhia.

O diretor executivo de finanças e relações com investidores da CSN, Marcelo Cunha Ribeiro, disse que a redução da alavancagem deve ajudar no alongamento da dívida. Segundo ele, após esse processo, a CSN deverá emitir bônus para fazer frente ao próximo vencimento.

A dívida líquida da CSN subiu 4% no primeiro trimestre, ante igual período do ano passado, para R$ 26,5 bilhões. Em relação a dezembro, subiu 1%.

Ativos. Segundo Ribeiro, as ações da Usiminas valem R$ 1,2 bilhão e, no caso do Tecon, “as transações recentes mostraram múltiplos de duplo dígito alto”. O executivo disse que o valor de venda da LLC pode subir de US$ 90 milhões a US$ 100 milhões com ajustes relacionados a itens como estoques até a conclusão da transação.

Steinbruch fez uma ressalva na esperada campanha de venda de ativos da CSN. Segundo ele, as vendas serão “uma questão de momento e questão de valor. Todos esses ativos são bons e estão dando Ebitda positivo”, afirmou o executivo.

Steinbruch afirmou que, apesar de ainda ser rentável, atualmente a Lusosider está sendo penalizada por tarifas de exportação de bobinas de aço do Brasil para a União Europeia e que por isso “pode ser um ativo que interesse para a siderurgia americana”. 

Sobre o Tecon, que chegou a ser posto à venda em 2016, ele disse que “pode ser um ativo para disponibilizar se chegarmos a um preço justo”. Já a respeito das ações da Usiminas, Steinbruch comentou que a CSN não vendeu até agora porque acredita que em potencial de alta.

Com a esperada redução na dívida, a CSN busca encerrar suas negociações para alongamento de dívidas com a Caixa Econômica Federal até o início de junho. “Vamos nos dedicar a negociação com a Caixa, as conversas estão adiantadas”, garantiu o presidente da siderúrgica.

Em fevereiro, a CSN alongou sua dívida com o Banco do Brasil e deu 50% de suas ações preferenciais da Usiminas para garantir a operação. Com a Caixa, explicou Ribeiro, a CSN negocia neste momento as condições do empréstimo, “para que reflitam a nova condição da companhia, de menor risco.”

Fonte: Estadão