O número de consumidores que conseguiram limpar o nome teve o maior crescimento em abril deste ano desde o fim de 2015, apontam dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Apesar do número positivo, novos consumidores têm entrado nos registros de inadimplência, o que tem mantido o número de devedores estagnado em torno de 60 milhões, representando um entrave para o avanço do consumo nos próximos meses.
O Indicador de Recuperação de Crédito, mensurado pelas duas entidades e antecipado ao Valor, registrou crescimento de 2,9% em abril, na variação acumulada em 12 meses. Esta é a maior alta registrada pelo índice desde outubro de 2015 (4,5%). De outubro de 2017 a fevereiro deste ano, o indicador estava em campo negativo, tendo voltado ao azul somente em março.
“O dado é positivo, pois indica que, aos poucos, as pessoas têm conseguido limpar o nome, mas ainda tem muita coisa para acontecer”, diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil. Segundo a entidade de proteção ao crédito, o Brasil ainda tinha 62,2 milhões de inadimplentes em abril. “Isso significa quase 40% da população adulta ainda em situação de contas em atraso”, afirma.
Conforme a economista, o número de devedores se mantém praticamente estável em patamar elevado desde março do ano passado, como resultado principalmente da ainda fraca recuperação do emprego. “Enquanto não tivermos um mercado de trabalho mais forte, não devemos ver essa inadimplência cair”, afirma Marcela. Segundo ela, às incertezas internas, ligadas às eleições, somam-se agora as incertezas no cenário externo, o que reforça a perspectiva de uma recuperação muito lenta para este ano.
A inadimplência ainda elevada é uma má notícia para o consumo adiante, avalia Marcela. “O consumidor que vai ser contratado quando o mercado de trabalho começar a melhorar, será contratado com salário mais baixo”, diz, lembrando que as famílias precisarão ainda saldar as dívidas, antes de voltar a consumir.
Por regiões, o melhor desempenho da recuperação de crédito acontece no Centro-Oeste (4,6%) e Nordeste (2,9%), enquanto Sudeste (-1,9%), Sul (-9,5%) e Norte (-11,7%) ainda registram queda no acumulado de 12 meses.
Fonte: Valor Economico