No ano passado, 74% dos presidentes executivos ou CEOs questionados pela consultoria EY responderam que nunca adotariam a automação de processos robóticos (RPA, na sigla em inglês). Um ano depois, apenas 3% têm a mesma opinião. Numa enorme reviravolta, 73% dos executivos dizem, agora, que já estão adotando ou planejam adotar tecnologias de inteligência artificial (IA) nos próximos dois anos.
“A tecnologia está melhor e mais barata”, afirma Annette Kimmitt, chefe da EY na divisão de mercados globais de crescimento. A IA passou a ser o centro das atenções como um facilitador do crescimento e uma ferramenta de eficiência.
A EY fez uma pesquisa anual com 2.766 executivos em 21 países para elaborar seu Barômetro de Crescimento 2018, divulgado ontem em Mônaco durante evento que vai anunciar, sábado, o melhor empreendedor do mundo.
Segundo a EY, as plataformas que impulsionam essa taxa exponencial de mudanças incluem a digitalização contínua de tudo, o efeito da China e da Índia – economias não atreladas a modelos de negócios e infra-estrutura tradicionais – e a necessidade global de diversos talentos com fortes qualificações na área digital.
As empresas procuram se adequar melhor a um novo paradigma. Isso inclui explorar como a inteligência artificial pode ser aproveitada para aumentar a agilidade organizacional, acelerar a tomada de decisões e eliminar modelos hierárquicos que não atendem mais às necessidades da quarta revolução industrial.
No entanto, diz a EY, a corrida das companhias para adotar a IA em seus negócios não ocorre na mesma velocidade com que as empresas tomam medidas contra ameaças cibernéticas – neste caso, elas precisam estar mais atentas a esse tipo de crime.
Em todo o caso, o maior desafio que as empresas enfrentam é o simples ritmo de mudança, como diz Simon Rogerson, CEO e cofundador da Octopus Capital, do Reino Unido, citado em relatório da EY: “a velocidade com que as empresas vão morrer ou crescer tem de mudar”.
A China não esconde a ambição de se tornar líder global em inteligência artificial por volta de 2030. O grupo de comércio eletrônico Alibaba fez investimento no Sensetime Group, startup de reconhecimento facial, o que a torna a mais valorizada empresa de IA, valendo mais de US$ 4 bilhões.
Executivos de companhias de porte médio planejam maior faturamento, criar mais empregos em tempo integral e implementar tecnologias de ruptura para alcançar suas metas.
O relatório indica maior confiança global no aumento da receita neste ano – mas o resultado é mais moderado no Brasil.
Cerca de 27% de todas as companhias de porte médio ouvidas esperam alta do faturamento acima de 10% – enquanto apenas 5% das brasileiras esperam esse percentual. No ano passado, 18% das empresas brasileiras tinham essa expectativa.
Nada menos de 60% de todas as empresas consultadas projetam aumento do faturamento entre 6% e 10%, bem superior aos 34% do ano passado.
No Brasil, 57% das companhias esperam crescer também entre 6% e 10%, em comparação com apenas 28% das respostas no ano passado. E 38% das brasileiras dizem esperar crescer somente até 5%, menos pessimistas frente aos 41% de 2017.
No Brasil, as incertezas políticas contaminam a economia. Já na região da Ásia-Pacífico o otimismo é elevado. Quatro entre 10 empresas na China, do Sudeste da Ásia e da Austrália preveem mais de 10% de ganhos, superando amplamente a média global, de 6%.
Apesar do otimismo, as empresas em geral continuam inquietas sobre a escassez de fluxos de caixa, o aperto do crédito ou a desaceleração da demanda, que podem trazer riscos importantes no longo prazo.
Outro problema destacado na pesquisa é como atrair talentos com as qualificações corretas para acelerar o crescimento das empresas. O estudo de EY destaca que a escassez de talentos se exacerbou, com a “fuga de pessoal qualificado” em países como o Brasil e o México.
O jornalista viajou a convite da EY
Fonte: Blog Televendas