Em cada dez inadimplentes que contrataram serviço, três disseram que era a única forma que encontraram para limpar o nome. Anúncios na TV, jornais e internet são principais meios de propaganda e para 43%, situação da dívida não foi resolvida
Tipo de crédito que tem se popularizado por meio de propagandas, o empréstimo para negativados é uma alternativa que muitos consumidores inadimplentes recorrem como última saída para honrar compromissos em atraso. Um levantamento feito em todas as capitais realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 16% dos consumidores que estão ou estiveram com o CPF restrito nos últimos 12 meses admitem ter procurado instituições financeiras que prestam esse tipo de serviço. O percentual sobe para 21% entre os consumidores inadimplentes das classes A e B.
Indagados sobre o porquê de terem contratado esse tipo de empréstimo, que de modo geral, não realiza consultas em serviços de proteção ao crédito, três em cada dez (29%) ouvidos disseram que era a única maneira que eles encontraram para quitar as dívidas. Outros 27% justificaram a rapidez do processo de limpar o nome, ao passo que 25% não conseguiram obter crédito em bancos convencionais.
“De olho nesse mercado de milhões de inadimplentes, muitos bancos e financeiras se especializaram em conceder crédito para quem está negativado. Como é um tipo de empréstimo concedido de forma ágil e que exige o mínimo de burocracia, os juros cobrados nessa modalidade costumam ser elevados, o que requer cuidado do consumidor, que na urgência de contrair uma dívida para quitar outra, pode se atrapalhar ainda mais e ver sua dívida se tornar praticamente impagável”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
26% contrataram empréstimo na internet e 95% buscaram informações sobre credibilidade da empresa
A propaganda na televisão, jornais e revistas foi a forma mais comum pela qual os entrevistados tomaram conhecimento desse tipo de serviço, opção mencionada por dois em cada dez (21%) consumidores que recorreram ao empréstimo para negativados. A internet serviu de fonte para outros 21% das pessoas ouvidas, seguida da indicação de amigos e parentes (17%) e panfletagem na rua (16%).
A internet também ganha protagonismo como meio para se obter empréstimos para negativados. Do total de consumidores que recorreram a esse instrumento, 26% o fizeram de forma online, sem a necessidade de ir até o local de atendimento da instituição. Outros 73% disseram ter contratado o serviço pessoalmente. O empréstimo pessoal foi a modalidade mais contratada (56%), seguida do empréstimo consignado (42%), que se diferencia dos demais ao descontar as parcelas automaticamente da folha de pagamento ou da aposentadoria.
De modo geral, a pesquisa mostra que os consumidores que contrataram o serviço pela internet foram cautelosos na hora de escolher a instituição: 95% afirmaram ter procurado informações sobre a idoneidade da empresa a fim de evitar fraudes ou golpes. As principais atitudes foram checar se o site da empresa é bem estruturado (40%), buscar informações em bancos a respeito da financeira (38%), checar se há um CNPJ cadastrado em nome da instituição (36%) e verificar se há um telefone comercial para atendimento (34%).
“Embora existam muitos bancos e financeiras que operam regularmente e que possuem credibilidade, o consumidor deve ficar atento na hora de contratar esse tipo de serviço. Em parte dos casos, instituições falsas ou não autorizadas oferecem facilidades fora da realidade de mercado e exigem depósito prévio para liberarem o dinheiro, principalmente em contas de pessoas físicas”, alerta a economista Marcela Kawauti.
23% reconhecem que não pesquisaram opções de linhas de crédito e 50% consideram juros abusivos
O percentual de consumidores cuidadosos, no entanto, diminui quando o assunto é se informar sobre linhas de crédito alternativas. Dentre os entrevistados, 23% reconhecem que não pesquisaram taxas de juros e demais características de outras opções de crédito antes de optarem pelo empréstimo para negativados. O percentual sobe para 44% considerando os inadimplentes de idade acima dos 50 anos. Os que tiveram essa preocupação somam 71% da amostra.
A pesquisa aponta que entre aqueles que compararam as condições antes da contratação, 31% escolheram o empréstimo que oferecia a melhor condição de pagamento, 26% optaram por aquele que oferecia a menor taxa de juros e 22% pelo que disponibilizava o valor exato que o inadimplente precisava para quitar a dívida.
Apesar da burocracia menor, 38% dos entrevistados tiveram de pagar taxas para avaliação de análise de crédito, 88% deram alguma garantia financeira e 50% dos que fizeram comparação entre diferentes linhas de crédito consideraram abusivos os juros cobrados.
Após passarem por todo esse processo de avaliação e concessão de crédito para negativados, 44% dos inadimplentes entrevistados consideraram fácil obter crédito nessas condições, 29% acharam que não é fácil nem difícil e 27% consideram a contratação difícil. Em média, os entrevistados dividiram o empréstimo tomado em 14 prestações, sendo que 21% não estão conseguindo honrar o compromisso em dia, principalmente por falta de controle dos gastos (7%) e perda de emprego (5%).
Quatro em cada dez acham que situação não foi resolvida após empréstimo
A pesquisa ainda revela que nem todos os consumidores que contrataram o empréstimo para negativados conseguiram resolver seus problemas. Em cada dez entrevistados, quatro (43%) admitem que a situação financeira não foi solucionada, sendo que 20% não conseguiram limpar o nome e ainda terão de pagar pelo empréstimo. Os que consideram a solução resolvida somam 51% dos entrevistados.
“Muitos consumidores acreditam que o empréstimo é o único caminho que resta para sair do endividamento e limpar o nome. Porém, se de fato essa for a única opção, recomenda-se que o consumidor troque sempre a dívida atual por outra mais barata, o que nem sempre é viável na modalidade para negativados, que por ser uma operação mais arriscada, cobra juros mais elevados. O consumidor que optar por esse tipo de serviço precisa pesquisar instituições e comparar as taxas cobradas”, orienta a economista Marcela Kawauti.
Fonte: Blog Televendas