Fatura média do cartão no período supera R$ 1 mil e 25% dos usuários caíram no rotativo. No mês de junho, 40% dos brasileiros utilizaram alguma modalidade de crédito, sendo o cartão o instrumento mais comum
Um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que o uso do cartão de crédito já não se limita a compra de itens de mais alto valor, que geralmente são parcelados. As despesas correntes, incluindo produtos de primeira necessidade, também já fazem parte das aquisições mais feitas via cartão. No último mês de junho, os alimentos de supermercados lideraram esse tipo de compra, com 63% de menções, seguidos dos remédios (45%) e dos combustíveis (37%). Somente em quarto lugar aparecem as roupas, calçados e acessórios (36%).
De acordo com o levantamento, no último mês de junho, 40% dos brasileiros recorreram à alguma modalidade de crédito, sendo que o cartão de crédito foi o mais comum, citado por 35% dos consumidores. Em seguida, aparecem o crediário ou carnê, com 8% de utilização, empréstimos (5%), cheque especial (5%) e financiamentos (3%). Os que não se utilizaram de nenhuma modalidade no período somam 60% dos consumidores.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, por trata-se de uma modalidade de crédito pré-aprovada, o cartão de crédito é um instrumento bastante popular como forma de pagamento. “Hoje o cartão de crédito já não é uma exclusividade dos bancos. Redes varejistas e fintechs já oferecem o instrumento, tornando-o ainda mais acessível para várias camadas da população”, explica a economista.
25% dos usuários de cartão caíram no rotativo em junho; média da fatura supera R$ 1 mil
Apesar de ser um aliado do consumidor que não pode pagar por um bem à vista, o cartão de crédito também pode se tornar fonte de problemas financeiros para pessoas que perdem o controle dos gastos. A CNDL e o SPC Brasil apuraram que no último mês de junho, um quarto (25%) dos usuários de cartão de crédito no país entraram no rotativo, ao não quitarem a fatura integral no período. Os que pagaram o valor cheio da fatura somam 72% da amostra.
Para a maioria dos entrevistados, o tamanho da fatura do mês de junho aumentou na comparação com o mês de maio, observação feita por 39% dos usuários de cartão de crédito. Apenas 23% notaram queda na fatura, ao passo que 32% acreditam que ela permaneceu igual. Considerando os que souberam reportar o valor gasto com as compras em junho realizadas no cartão de crédito, a média é de R$ 1.045,63.
Para o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, o cartão de crédito é um instrumento de pagamento que facilita a vida das pessoas, mas que deve ser utilizado com vigilância. “O requisito básico para o usuário do cartão de crédito é ter organização. Ele é um excelente meio de pagamento porque ao contrário do crediário, só cobra juros se não houver o pagamento mínimo da fatura. Então, se os gastos estiverem dentro de um planejamento, o cartão cumpre um papel positivo na vida financeira do consumidor”, explica Vignoli.
Apenas 13% dos brasileiros estão com contas ‘no azul’. Maioria vive no limite do orçamento e as principais razões são preços elevados e queda da renda
O Indicador de Propensão ao Consumo investigou a vida financeira dos consumidores e descobriu que somente uma minoria se encontra em situação confortável. Em cada dez brasileiros, oito (80%) vivem no aperto financeiro, seja por estarem no ‘zero a zero’, ou seja, sem sobras de dinheiro no orçamento (44%) ou até mesmo ‘no vermelho’, isto é, não conseguem terminar o mês com todos os compromissos financeiros quitados (36%). Os que estão com as contas ‘no azul’ formam 13% da amostra.
Na avaliação dos próprios entrevistados, as principais razões para tantos brasileiros viverem com dificuldades financeiras são os preços elevados (43%) – embora a inflação esteja sob controle -, queda da renda (33%), desemprego (27%) e descontrole dos gastos (12%).
Para o último mês de julho, mais da metade (56%) dos consumidores planejavam cortar gastos ao longo do mês, contra apenas 6% que iriam desembolsar mais.
Fonte: Segs