O Banco do Brasil vai acrescentar mais risco nas carteiras de crédito neste e no próximo ano, afirmou Bernardo Rothe, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do BB, em coletiva sobre os resultados do segundo trimestre. “A tendência natural é a gente continuar a trazer mais riscos para a carteira trabalhando com o correntista e linhas de retorno mais elevado”, disse.
De acordo com o executivo, “a perspectiva para os próximos anos é de crescimento bastante alinhado ao mercado, ou seja, mais no crédito livre e menos no direcionado”. Rothe apontou que as projeções do banco para a expansão do crédito livre em geral estão em 7,3% para 2019 e 7,9% em 2020.
Apesar da tendência de aumentar o risco nas carteiras de crédito, o vice-presidente do BB explicou que a tendência é de no curto e médio prazo haver a redução das provisões para crédito de liquidação duvidosa (PCLD). “Dada a qualidade da carteira, a tendência de trimestre a trimestre é ter uma redução das PCLD”, disse.
Rothe ressaltou ainda o crescimento da recuperação de crédito. “O movimento tem sido bastante bom, com o terceiro trimestre melhor que o primeiro, mas não do que o segundo e o quarto trimestre, o melhor momento do ano.”
A instituição informou que as carteiras de crédito para pessoa física e a voltada ao agronegócio estão “crescendo dentro das projeções”. O vice-presidente do BB ressaltou ainda a redução do guidance de provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) para R$ 16 bilhões a R$ 14 bilhões, ante faixa anterior de R$ 19 bilhões a R$ 16 bilhões. No primeiro semestre, o BB realizou um gasto de R$ 7,8 bilhões referente ao PCLD.
De acordo com Rothe, a provisão bruta para liquidação de créditos duvidosos antes de recuperação vem caindo consistentemente. “Haverá uma melhora na provisão bruta no resto do ano e a tendência desse indicador é continuar a cair ao longo do tempo.”
Metas
Durante a teleconferência, o banco reafirmou a meta de alcançar 11% de capital principal em janeiro de 2022. Segundo o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores, o indicador tende a melhorar no resto do ano, assim como outros resultados que permanecem abaixo das metas.
O índice de capital principal da instituição, ou seja, o colchão de proteção contra perdas formado pelos ativos de maior qualidade, está em 9,61%, conforme dados de junho, um recuo de 0,15 ponto percentual em relação ao trimestre anterior.
Rothe ressaltou que todos os demais itens do resultado “já estão ou vão convergir para o guidance até o fim do ano”. A margem financeira, por exemplo, apresentou recuo de 8,1% na comparação do primeiro semestre com o mesmo período de 2017, mas, conforme Rothe, “tende a caminhar em direção à meta nos próximos trimestres”.
Em relação ao lucro líquido de 2018, Rothe afirmou que a expectativa do BB é que o resultado fique “no meio do guidance, um pouco acima disso”. A atual meta para o ano está na faixa entre R$ 11,5 bilhões a R$ 14 bilhões. No primeiro semestre o lucro líquido ajustado alcançou R$ 6,3 bilhões.
Um efeito estatístico também vai ajudar a levar o crescimento da carteira de crédito para pessoa jurídica do banco para dentro da meta. Conforme Rothe, “houve uma queda significativa no segundo semestre do ano passado na carteira PJ, então na comparação dezembro a dezembro vai nos colocar na meta”.
Dividendos
O banco informou que pretende melhorar a distribuição dos resultados no segundo semestre. “Nossa visão é que há espaço para trabalhar a redistribuição dos resultados no ano, que foi atrapalhada pela volatilidade [no primeiro semestre] e pela potencial volatilidade” dos próximos meses, disse Rothe.
O executivo reafirmou a meta de alcançar uma taxa de “payout”, ou seja, a distribuição de lucro como dividendo, juros sobre capital próprio ou recompra de ações, em 40% neste ano. “Tudo indica que vamos fazer o payout em 40%, mas vamos aguardar mais a volatilidade que pode acontecer no segundo semestre.”
Fonte: Blog Televendas