CNC: Parcela da renda para pagar dívida atinge menor patamar em 5 anos

RIO  –  A parcela de renda média das famílias comprometida com dívidas registrou o menor patamar para meses de novembro em cinco anos. É o que mostrou nesta quarta-feira (5) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ao anunciar a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Na pesquisa, a parcela de renda média da família comprometida com pagamento de débitos foi de 29,4% em novembro deste ano. Além de ser inferior à de outubro deste ano (29,5%), bem como à de novembro do ano passado (30,6%), foi a mais baixa para o mês de novembro desde 2013 (29,1%).

Segundo levantamento, diminuiu de 60,7% para 60,3% entre outubro e novembro a parcela de famílias que se declararam endividadas – sendo menor do que a de novembro do ano passado (62,2%).

Para Marianne Hanson, economista da CNC, os pagamentos de 13º e bonificações no fim do ano ajudaram as famílias a quitarem parte de suas dívidas. Ao mesmo tempo, houve sinais de melhora no mercado de trabalho, com impacto positivo na renda e, com isso, na capacidade de pagamento das famílias.

A continuidade desse fenômeno, no entanto dependerá da permanência de sinais positivos no emprego a partir do ano que vem, alertou a economista.

Na pesquisa divulgada hoje pela confederação, houve melhora tanto nos indicadores de endividamento quanto nos de inadimplência. A parcela de famílias que se declararam endividadas com contas em atraso foi de 22,9% em novembro deste ano, inferior à de outubro (23,5%) e a de novembro do ano passado (25,8%).

Os endividados que se declararam sem condições de quitar dívidas ficaram com percentual de 9,5% em novembro, também abaixo de outubro (9,9%) e novembro do ano passado (10,1%).

Marianne comentou ser inegável a redução de endividamento das famílias em novembro. No entanto, observou que a maioria dos sinais de melhora no emprego foi mais originada do mercado informal. “Temos taxa de desemprego muito alta ainda”, lembrou a especialista.

Nos dados mais recentes do IBGE, a taxa de desemprego até o trimestre móvel encerrado em outubro deste ano é de 11,7% – o que representa 12,4 milhões de desempregados.

Para a especialista, são necessários sinais de melhora mais robusta no mercado de trabalho, com maior ritmo de abertura de vagas no mercado formal, que normalmente tem impacto mais sustentável na trajetória da renda – e, com isso, na capacidade de pagamento das famílias. Assim, o ritmo de pagamento de dívidas poderia acelerar, comentou a especialista. “Mas a tendência até o momento é de redução de endividamento das famílias”, afirmou.

Entre as dívidas mais citadas em novembro, mais uma vez o cartão de crédito foi o mais lembrado entre os endividados (77,4%); seguido por carnês (14,8%); e financiamento de carro (10,2%).

Fonte: Valor Economico