De acordo com a FecomercioSP, segmento de transporte foi o principal responsável pela desaceleração do custo de vida
Após duas altas consecutivas, o custo de vida na região metropolitana de São Paulo caiu 0,36% em novembro, a maior queda de 2018. Contudo, no acumulado do ano, o indicador registrou variação positiva de 3,14%, e nos últimos 12 meses, a elevação foi de 3,91%. Os dados são da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Entre as nove categorias que compõem o indicador, quatro sofreram variação negativa em novembro. Destaque para transporte (-0,78%), que, ao contrário de outubro, quando apontou a maior alta, desta vez foi a principal contribuição de baixa no resultado no mês. Contudo, de janeiro a novembro, acumulou variação positiva de 3,06%. Nos últimos 12 meses, a alta foi de 4,87%.
O segmento de saúde também influenciou na queda do custo de vida, com baixa de 0,90%. No acumulado de 2018, apontou altas de 2,60% e de 3,09% (nos últimos 12 meses). O grupo ficou abaixo da média geral dos preços para ambos os períodos.
Na segmentação por renda, as classes A e B foram as que menos sentiram o recuo dos preços em novembro, encerrando o mês com quedas de 0,08% e 0,26%. As classes D e E foram as mais favorecidas em novembro, com recuos de 0,59% e 0,53%, respectivamente.
IPV
O Índice de Preços no Varejo (IPV) sofreu queda de 0,80% em novembro, o maior recuo desde julho deste ano. Contudo, no acumulado do ano, houve alta de 2,67%, e nos últimos 12 meses, apontou acréscimo de 3,37%. No mesmo período de 2017, os preços dos produtos mostravam uma alta média de 1,59%.
Dos oito segmentos que compõem o IPV, cinco encerraram o mês com queda em seus preços médios no comparativo com outubro: transportes (-1,29%); saúde e cuidados pessoais (-2,13%); alimentação e bebidas (-0,65%); vestuário (-0,52%); e educação (-0,04%).
Ao contrário de outubro, o segmento de transportes foi o principal responsável pela baixa dos preços em novembro (-1,29%). No entanto, no acumulado em 12 meses, apontou alta de 6,12%. Em 2018, verificou-se acréscimo de 4,8%. Destaques para os subgrupos automóvel novo (-0,64%); óleo lubrificante (-0,40%); acessórios e peças (-2,85%); pneu (-0,29%;, gasolina (-3,72%); e óleo diesel (-0,07%). A assessoria econômica da FecomercioSP já havia alertado sobre o recuo nos preços dos combustíveis nos meses anteriores, em virtude dos anúncios da Petrobras de redução no preço do componente energético.
O grupo de saúde e cuidados pessoais também sinalizou preços mais baixos em novembro, com queda de 2,13%. Nos últimos 12 meses, o recuo foi de 1,29%. No acumulado de 2018, a baixa foi de 1,47%. Os principais destaques foram vistos em analgésico e antitérmico (-0,21%); vitamina e fortificante (-1,93%); hormônio (-1,85%); psicotrópico e anorexígeno (-0,49%); produto para pele (-11,97%); produto para unha (-1,60%); perfume (-7,08%); sabonete (-2,18%); e artigos de maquiagem (-6,14%).
Na segmentação do IPV por faixa de renda, as classes D e C foram as mais beneficiadas, com recuos de 0,91% e 0,86%, respectivamente. Já as classes E e B terminaram, ambas, em novembro com baixa de 0,76%.
IPS
O Índice de Preços de Serviços (IPS) subiu pelo terceiro mês consecutivo, com leve alta de 0,10% em novembro. No acumulado dos últimos 12 meses, os serviços obtiveram variação positiva de 4,46%. No acumulado de 2018, houve uma elevação de 3,61%. Considerando os dados de 2017, o indicador apontou aumentos de 0,58% no mês e de 5,58% nos últimos 12 meses, findos em novembro do ano passado.
Dos oito segmentos que compõem o IPS, apenas habitação registrou recuo (-0,87%) em novembro – a principal influência foi a queda de preço na energia elétrica residencial de 5,32%. Contudo, nos últimos 12 meses, habitação obteve acréscimo de 4,71%, e, em 2018, a alta foi de 4,73%. Por outro lado, comunicação e educação se mantiveram estáveis em comparação a outubro. Os outros seis grupos encerraram com variação positiva em seus preços médios.
O segmento de alimentação e bebidas foi o principal a puxar a alta dos preços, com aumento de 1% em novembro. No acumulado dos últimos 12 meses, o setor apontou acréscimo de 4,82%, e, em 2018, a alta foi de 3,22%. Os subgrupos que se destacaram foram: refeição (1,21%); lanche (0,31%); café da manhã (1,26%); refrigerante e água mineral (0,62%); cerveja (0,92%); e doces (0,68%).
Na segmentação do IPS por faixa de renda, as classes A e B foram as que mais sentiram as variações, com altas de 0,36% e 0,19%, respectivamente. Já para as classes E e D, o IPS apontou decréscimos de 0,18% e 0,12%, consecutivamente.
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, influenciado pelo preço dos produtos, o custo de vida na cidade de São Paulo caiu em novembro. Entretanto, mesmo com a desaceleração dos preços médios, ainda há alta real de preços em grupos que são essenciais para o orçamento familiar (alimentação, habitação, transportes e educação), e isso restringe, inevitavelmente, a renda das famílias de renda mais baixa.
Segundo a Entidade, ainda é esperado alguma pressão nos preços dos alimentos em dezembro, principalmente por haver uma procura maior por itens importados que são utilizados nas festividades de fim do ano, o que está registrado na avaliação da série histórica. A Federação lembra que o medidor oficial da inflação (IPCA-IBGE) deve fechar o ano com alta próxima a 4%, dentro da meta estipulada pelas autoridades monetárias.
Metodologia
O Custo de Vida por Classe Social (CVCS), formado pelo Índice de Preços de Serviços (IPS) e pelo Índice de Preços do Varejo (IPV), utiliza informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE e contempla as cinco faixas de renda familiar (A, B, C, D e E) para avaliar os pesos e os efeitos da alta de preços na região metropolitana de São Paulo em 247 itens de consumo. A estrutura de ponderação é fixa e baseada na participação dos itens de consumo obtida pela POF de 2008/2009 para cada grupo de renda e para a média geral. O IPS avalia 66 itens de serviços e o IPV, 181 produtos de consumo.
As faixas de renda variam de acordo com os ganhos familiares: até R$ 976,58 (E); de R$ 976,59 a R$ 1.464,87 (D); de R$ 1.464,88 a R$ 7.324,33 (C); de R$ 7.324,34 a R$ 12.207,23 (B); e acima de R$ 12.207,23 (A). Esses valores foram atualizados pelo IPCA de janeiro de 2012. Para cada uma das cinco faixas de renda acompanhadas, os indicadores de preços resultam da soma das variações de preço de cada item, ponderadas de acordo com a participação desses produtos e serviços sobre o orçamento familiar.
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