Mensalidades escolares e alimentos puxaram alta do mês. Em 12 meses, o IPCA acumulado subiu para 3,89%, mas segue abaixo da meta central do governo para 2019, de 4,25%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em 0,43% em fevereiro, acima dos 0,32% de janeiro, impactado principalmente pela alta dos preços de educação e alimentação, segundo divulgou nesta terça-feira (12) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da maior variação mensal desde outubro (0,45%).
O índice acumulado em 12 meses ficou em 3,89%, acima dos 3,78% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Já o acumulado no ano foi para 0,75%.
Apesar do avanço, a inflação acumulada em 12 meses permanece abaixo do centro da meta central de inflação do governo para 2019, de 4,25%.
Em 2018, a inflação oficial fechou o ano em 3,75%, abaixo do centro da meta fixada pelo governo, que era de 4,5%.
Educação e alimentos puxam alta
Seis dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em fevereiro, com destaque para educação (3,53%), que teve um impacto de 0,17 ponto percentual no índice geral de inflação do mês, atrás apenas do grupo alimentação e bebidas, que subiu 0,78% de janeiro e fevereiro, com um impacto de 0,19 ponto percentual sobre o IPCA.
“Esses dois itens, juntos, responderam por, aproximadamente, 84% da inflação de fevereiro”, destacou o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves.
Segundo o IBGE, o avanço dos custos de educação reflete os reajustes praticados em todo início de ano letivo, em especial nas mensalidades dos cursos regulares, cujos valores subiram, em média, 4,58%, gerando o mais elevado impacto individual sobre o índice do mês (0,15 p.p.).
Apesar da alta de 3,53%, trata-se da menor inflação para o grupo educação para meses de fevereiro desde 2008 (3,47%).
Segundo Gonçalves, as mensalidades carregam normalmente a inflação anterior, mas o fator demanda também contribuiu para uma alta menor em 2019. “Alguns estabelecimentos, para não perder aluno, acabam aplicando reajuste menores nas mensalidades”, destacou.
No grupo alimentação, as maiores altas foram verificadas nos preços do feijão-carioca (51,58%), da batata-inglesa (25,21%), das hortaliças (12,13%) e do leite longa vida (2,41%). Por outro lado, houve queda nos preços de carnes (-1,23%), o arroz (-1,23%), o frango inteiro (-1,69%) e o tomate (-5,95%). Já o item alimentação fora recuou 0,04%.
Já o item transportes registrou em fevereiro deflação de 0,34%, puxada pelas quedas nos itens passagem aérea (-16,65%) e gasolina (-1,26%) e etanol (-0,81%). Por outro lado, houve alta no óleo diesel (0,36%) e o gás veicular (7,75%) e ônibus urbano (1,50%).
Já em habitação, os destaques foram as altas dos itens gás encanado (4,11%) e energia elétrica (1,14%).
Perspectivas para a inflação
Na avaliação do IBGE, o impacto da demanda tem contribuído para conter a inflação, que segue comportada, apesar da alta em fevereiro.
Para a inflação de março, Gonçalves adiantou alguns reajustes de preços aplicados no mês que devem impactar o índice, como água e esgoto em Fortaleza (15,86%) e Aracaju (5,89%), ônibus urbano em Porto Alegre (9,30%), Recife (7,81%) e Curitiba (5,88%), e trem em Poro Alegre (27,30%). Já como impacto negativo no índice, ou seja, que deve pressionar o indicador para baixo, o pesquisador citou que houve redução nos preços de cigarros em quatro capitais.
Para 2019, os analistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 3,87%, segundo a última pesquisa “Focus” do Banco Central.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que segue em 6,5% ao ano. A meta central deste ano é de 4,25%, e o intervalo de tolerância do sistema de metas varia de 2,75% a 5,75%.
O BC vem indicando que só a lenta atividade econômica e a inflação bem comportada não são suficientes para abrir espaço para eventual queda da taxa básica de juros, estacionada há quase um ano na mínima histórica de 6,5%.
O novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já sinalizou que deve manter a atual postura do BC na condução da política monetária ao pontuar que cautela, serenidade e perseverança são valores que devem ser preservados, destaca a agência Reuters.
Fonte: G1 Economia