Valor seria suficiente para custos de trabalhador e família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência
Em abril, o custo da cesta básica subiu em todas as 18 capitais analisadas pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica, divulgada hoje (7), pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
As altas mais expressivas ocorreram em Campo Grande (10,07%), São Luís (7,10%) e Aracaju (4,94%).
A cesta mais cara do país foi a de São Paulo, onde o conjunto de alimentos essenciais custava, em média, R$ 522,05, seguida pela cesta do Rio de Janeiro, R$ 515,58, e de Porto Alegre, R$ 499,38.
As cestas mais baratas, em abril, eram as de Salvador, R$ 396,75, e Aracaju, R$ 404,68.
Nos primeiros quatro meses de 2019, todas as cidades analisadas pela pesquisa apresentaram alta acumulada.
Os maiores aumentos foram observados em Vitória (23,47%) e Recife (22,45%). O menor aumento acumulado ocorreu em Florianópolis, com alta de 5,35%.
Salário mínimo
Com base na cesta mais cara do país, observada em São Paulo, o valor do salário mínimo em abril, necessário para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, seria de R$ 4.385,75.
Isso equivale a 4,39 vezes o valor do salário mínimo atual, de R$ 998,00. Em março, o piso mínimo necessário correspondeu a R$ 4.277,04, ou 4,29 vezes o mínimo vigente.
Já em abril de 2018, o valor necessário foi de R$ 3.696,95, ou 3,88 vezes o salário mínimo, que era de R$ 954,00. O cálculo é feito pelo Dieese desde 1994.
Em um vídeo, o economista Carlos Eduardo Gonçalves explica quais seriam as consequências práticas se o salário mínimo saltasse bruscamente para o patamar calculado pelo Dieese:
“O que vai acontecer com a pessoa hoje empregada que ganha um salário baixo? (…) Você acha que elas vão continuar todas empregadas ganhando R$ 3.700 ou elas vão ser mandadas emboras porque a contribuição delas pro produto final da empresa não vale esses R$ 3.700?”.
A regra de reajustes reais no salário mínimo, calculados pelo INPC – que mede a inflação para a população mais pobre -, mais a variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes, foi criada pelo governo Lula, virou lei em 2012 no governo Dilma e expirou este ano.
No final de abril, o governo Bolsonaro enviou para o Congresso o seu Orçamento para 2020 com a previsão de um salário mínimo de R$ 1.040.
O valor é o resultado do piso atual (R$ 998), mais a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), estimada para encerrar este ano em 4,2%. Ou seja, sem ajuste real.
O governo nega que esta seja uma nova política permanente para o mínimo, o que só seria definido em dezembro, mas a oposição já se articula para tentar garantir que a regra anterior continue valendo.