Em abril, a inadimplência registrou um aumento de 2% em confronto com o mesmo mês de 2018
Está em curso uma progressiva desaceleração da inadimplência da pessoa física (PF) nos últimos meses. Segundo recente levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), a inadimplência, que chegou a elevar-se 6% em relação ao total de clientes em novembro, registrou um aumento de 2% em abril em confronto com o abril de 2018, chamando a atenção dos analistas que acompanham a conjuntura.
As duas entidades também notam que o volume de dívidas em nome de pessoas físicas teve queda de 1,23% em abril em comparação ao mesmo período em 2018, o quarto mês consecutivo em que se registra recuo no Indicador de Inadimplência PF. Embora o resultado mostre um quadro melhor, a sondagem da CNDL e SPC Brasil indica que 62,6 milhões de brasileiros seguem “negativados”, ou seja, com contas em atraso por mais de 90 dias.
Quanto à recente evolução, há alguns fatores a considerar. Embora a massa de inadimplentes continue a ser um grande desafio a vencer, parece não haver dúvida de que o consumidor brasileiro, nesta fase de virtual estagnação da economia, vem adotando uma atitude mais consciente com relação ao endividamento.
O presidente da CNDL, José Cesar da Costa, observa que “por muito tempo o aumento da inadimplência foi mitigado pela restrição do crédito. Agora, a desaceleração acontece em um contexto de retomada das concessões, o que indica um cenário melhor para o mercado de crédito”.
A par disso, vem ganhando mais força entre os bancos a reestruturação de dívidas de clientes de menor renda, o que significa adoção de esquemas efetivos para liquidação de débitos. Estudo do Banco Central (BC) há pouco divulgado revela que 51% dos clientes que fazem a reestruturação de suas dívidas – o que não deve ser confundido com renegociação, que envolve basicamente ampliação do prazo e redução de taxa – ficam com fichas limpas e em condições de tomar novos empréstimos.
Do total de débitos reestruturados, a maior parte é de pagamentos devidos por uso do cartão de crédito, representando 22% do total de inadimplentes, e 70% dos que tomam parte nessas operações têm rendimentos inferiores a três salários mínimos. Com a reestruturação, a concessão do crédito via cartões tende a reduzir-se.