Segundo pesquisa recente, o percentual de famílias endividadas aumentou pelo 6º mês consecutivo
Em junho deste ano, de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias endividadas cresceu 5,4% ante ao mesmo período do ano passado. Já quando comparado ao mês imediatamente anterior, a alta registrada foi de 0,6%. Há diversos fatores que justificam este quadro, no entanto, o principal está ligado aos impactos emocionais e seus reflexos. Ainda segundo a pesquisa, o índice de endividamento das famílias atingiu 64%, o maior desde 2013, quando chegou a 65,2%.
Quando alguém está emocionalmente abalado, é normal que, por impulso, principalmente em momentos de tristeza e decepções, aquela pessoa acabe gastando sem pensar, ultrapassando o limite do cartão de crédito e, consequentemente, formando dívidas que ultrapassem seu orçamento mensal. Tudo isso com um único intuito: o de fazer com que aquela dor seja amenizada, como uma compensação. E será. Porém, momentaneamente e com resultados negativos que podem se arrastar por um longo período.
De acordo com a especialista em desenvolvimento humano, Rebeca Toyama, é necessário olhar o endividamento do brasileiro de uma forma mais ampla e profunda. “As emoções têm grande influência sobre o comportamento das pessoas em relação ao dinheiro. O ato de se endividar geralmente está relacionado com alguma compensação pelo stress no trabalho, falta de qualidade de vida ou ausência de relacionamentos saudáveis”, contou.
Diante disso, Rebeca ainda explica que “o cenário de inadimplência acaba agravando o desconforto e muitas vezes tendo como consequência mais endividamento, pois o prazer do ato da compra é efêmero e a pessoa às vezes se convence que precisa de mais um pouquinho, reação muito presente em quadro de compulsão”.
Segundo comprovações científicas e prêmios Nobel, de acordo com a especialista, já não existem mais dúvidas sobre o impacto das emoções no comportamento financeiro das pessoas. Com isso disso “é necessário nos atentarmos de que são em momentos de maior pressão e instabilidade que o nosso nível de racionalidade fica mais comprometido, o que, consequentemente, dá espaço às influências de nosso inconsistente em nossas escolhas”, finalizou a especialista.
Tendo este cenário em vista, Rebeca dá algumas dicas sobre como usar as emoções a favor, sem deixa-las responsáveis pelo descontrole financeiro:
– Analise o histórico familiar e veja como outros membros da família se relacionavam com dinheiro. Se gastavam compulsivamente, os exemplos que recebemos na infância acabam formando muito do que somos hoje e ter essa percepção, nos ajuda a não cair repetidamente nas mesmas armadilhas – Comece rompendo esse ciclo organizando as finanças. Olhe para o dinheiro de forma racional, analisando as receitas e despesas; – Se você está endividado, não se desespere nem tente entender agora a origem do descontrole nem culpe agentes externos. Negocie sua dívida o quanto antes e não caia na armadilha do dinheiro “caro” como o cartão de crédito ou limite de cheque especial; – Não use o fôlego inicial dessa negociação para uma compensação como uma viagem, ida a um restaurante ou um presente pessoal. Enquanto a fase de pagamentos não terminar, não faça novas dívidas e não se comprometa com despesas supérfluas; – Seja crítico com suas finanças: conheça seus gargalos e organize o orçamento com aplicativos (muitos deles são gratuitos) ou mesmo um fluxo de caixa anotado no celular com suas despesas do dia a dia. Com três meses você já terá um diagnóstico preciso dos inimigos do seu orçamento que pode ser alimentação, transporte ou gastos não previstos; – Especialistas apontam que há “ralos” para o descontrole das finanças que estão em pequenos gastos como transporte por aplicativos e da mesma forma aplicativos de comida que podem “resolver uma refeição em um clique” mas são capazes de desequilibrar um orçamento familiar. Estabeleça metas, programe-se quanto aos deslocamentos usando transporte público e reduza esse custo. Use o tempo livre para uma boa leitura ou para cozinhar em família por exemplo;