É a pior taxa para o mês desde 2015 com recuo nas 5 atividades pesquisadas. Como a indústria e o comércio, setor também fechou o 2º trimestre no vermelho (-0,6%).
O volume do setor de serviços caiu 1% em junho, na comparação com o mês anterior, eliminando o ganho acumulado de 0,4% observado entre abril e maio, segundo divulgou nesta sexta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a quarta e mais intensa queda no ano.
É a pior taxa para o mês desde 2015, quando o indicador repetiu o mesmo resultado. Trata-se também da queda mais intensa desde julho de 2018 (-2,6%).
Na comparação com junho do ano passado, a queda foi de 3,6%, afetada pelo efeito calendário, dado que este ano teve dois dias úteis a menos.
O resultado veio mais fraco do que o esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de quedas de 0,4% na comparação mensal e de 2,1% por cento na base anual.
O IBGE também informou que receita nominal de serviços (que não desconta a inflação) encolheu 1,1% em junho, frente ao mês imediatamente anterior, mas teve elevação de 0,4% no confronto com mesmo mês de 2018. No ano, a receita nominal acumula alta de 4,3% e, em 12 meses, apresenta avanço de 4,1%.
Queda de 0,6% no trimestre
Como a indústria e o comércio, o setor de serviços também fechou o 2º trimestre no vermelho (-0,6%), na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Já no acumulado nos 6 primeiros meses do ano, houve alta de 0,6%.
“O acumulado do ano cresceu 0,6%, com ligeira perda de dinamismo frente ao segundo semestre de 2018 (0,8%). Já o acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de 1,1% em maio para 0,7% em junho de 2019, voltou a assinalar perda de ritmo de crescimento”, destacou o IBGE.
De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, com o resultado de junho o setor de serviços atingiu o terceiro patamar mais baixo da série histórica, iniciada em 2011, e se encontra 12,8% abaixo do ponto mais alto, registrado em novembro de 2014.
“[Este patamar] só perde para maio de 2018, quando ocorreu a greve dos caminhoneiros, movimento que provocou um quadro atípico na economia brasileira e levou o setor de serviços ao patamar mais baixo, e também para março de 2017, que foi quando o setor começou a reagir após dois anos de quedas”, disse.
O pesquisador enfatizou que, até agora, o setor “não conseguiu deslanchar”, já que fechou 2018 com estabilidade depois de três anos consecutivos de queda, que acumularam perda de 11%.
Quedas em todas as atividades em junho
O desempenho negativo do setor de serviços foi acompanhado por todas as 5 principais atividades pesquisadas, o que não acontecia desde maio de 2018, mês da greve dos caminhoneiros, segundo o IBGE. Regionalmente, 19 das 27 unidades da federação registraram retração, com destaque para São Paulo (-1,6%) e Rio de Janeiro (-2,6%).
Variação do volume de serviços em junho, por atividade:
Serviços prestados às famílias: -0,2%
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Serviços de alojamento e alimentação: 0,3%
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Outros serviços prestados às famílias: -3,8%
Serviços de informação e comunicação: -2,6%
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Serviços de tecnologia da informação e comunicação: -2,2%
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Telecomunicações: -0,3%
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Serviços de tecnologia da informação: -10,1%
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Serviços audiovisuais: -4%
Serviços profissionais, administrativos e complementares: -0,1%
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Serviços técnico-profissionais: 0,3%
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Serviços administrativos e complementares: -0,2%
Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1%
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Transporte terrestre: 0,3%
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Transporte aquaviário: -3,1%
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Transporte aéreo: -4,4%
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Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: -1,2%
Outros serviços: -2,3%
Serviços de informação e transportes puxam queda
A queda em junho foi puxada pelo comportamento mais fraco das atividades de transportes e de comunicação e informação, que caíram 1% e 2,6% em junho, respectivamente. Juntas, elas representam quase dois terços do volume total de serviços.
Com exceção dos transportes terrestres, todos os grupos dessas duas atividades tiveram queda no mês, o que ajuda a explicar o resultado negativo de junho, segundo o IBGE.
O maior impacto, destacou Lobo, partiu dos Serviços de Informação e Comunicação. “Dentro dele, a gente tem o setor de TI, que em maio chegou à sua taxa mais alta da série histórica, mas que em junho recuou 10,1%, puxado especialmente pelas atividades de desenvolvimento de softwares”, afirmou.
O segundo principal impacto veio dos transportes, principalmente o de cargas, devido à relevância que essa atividade tem na economia brasileira. “Aliado a ele, mas com peso não tão importante, o transporte aéreo teve queda significativa em função de preço”, disse o pesquisador, explicando que a alta nas passagens impacta diretamente no volume de receitas do setor.
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Os indicadores já divulgados continuaram a mostrar uma fraqueza da economia em junho e no 2º trimestre, após uma queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre.
A indústria brasileira registrou queda de 0,6% em junho e fechou o primeiro semestre com um recuo de 1,6% em sua produção. No período entre abril e junho, a indústria recuou 0,7%, na comparação com o primeiro trimestre – o terceiro trimestre seguido de contração.
Já as vendas do comércio cresceram 0,1% em junho, na primeira alta desde março. No 2º trimestre, o setor registrou queda de 0,3%, na comparação com o primeiro trimestre. No semestre, o volume do comércio varejista cresceu 0,6%, frente a igual período do ano anterior.
A projeção do mercado financeiro para estimativa de alta do PIB deste ano permanece em 0,82%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2020, a previsão de crescimento é de 2,1%.
Fonte: G1