O Banco Central (BC) prepara mudanças no cheque especial para induzir a redução dos juros na linha de crédito mais cara do país
O Banco Central (BC) prepara mudanças no cheque especial para induzir a redução dos juros na linha de crédito mais cara do país, com taxa média de 307,6% ao ano em setembro. A proposta, discutida com o setor financeiro, prevê que os bancos poderão cobrar uma tarifa mensal dos clientes que quiserem ter acesso a um limite de cheque especial.
Com essa tarifa, a taxa de juros para pessoas físicas poderia cair do nível atual de 12% ao mês para 7,5% ao mês, segundo estimativa de fonte que acompanha o assunto. Ainda assim, continuará sendo uma modalidade de custo alto. A taxa Selic, um dos componentes dos juros cobrados do correntista, está em 5% ao ano.
O novo cheque especial deve funcionar como um “seguro”. Os clientes que optarem por ter esse crédito à disposição vão pagar uma tarifa todos os meses, inclusive naqueles em que o limite não for utilizado. Quem não quiser o produto não pagará nada, mas não terá proteção caso entre no vermelho.
O Valor apurou que foram discutidos dois formatos para a tarifa. Um deles é que o cliente pague um percentual do limite que terá à sua disposição – e que poderá ir de 0,1% a 1%, dependendo do tamanho da linha. Quanto maior o volume disponível para aquele correntista, maior o percentual. A outra possibilidade é que seja estabelecido um valor fixo, da ordem de R$ 20 para cima, também conforme o limite oferecido.
O BC vem pressionando os bancos a adotar medidas para reduzir as taxas de juros da modalidade desde a gestão de Ilan Goldfajn, mas as pressões aumentaram no mandato de Roberto Campos Neto, atual presidente do BC, que se envolveu diretamente na discussão.
Antevendo mudanças, as próprias instituições financeiras levaram ao BC a proposta de cobrança de tarifa, o que não é permitido hoje. Como tem sido praxe nos temas sob revisão do regulador, o BC chamou representantes do setor para discutir o assunto. Essas conversas se intensificaram nos últimos dois meses.
O cheque especial equivale a um volume pequeno da carteira de crédito dos bancos. No fim de setembro, o estoque da linha era de R$ 26,4 bilhões, ou 2,5% do total empréstimos e financiamentos a pessoas físicas com recursos livres no país. Entretanto, na receita, a modalidade tem peso maior: 5% do que as instituições faturam com crédito.
Fonte: Valor econômico