BC planeja simplificar cobrança de tarifa bancária, diz Campos

Diagnóstico do BC é que a complexidade do sistema é mais grave do que o número de tarifas

O Banco Central (BC) planeja simplificar o sistema de tarifas bancárias cobradas dos usuários, segundo o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. “Um grande movimento que não fizemos ainda, mas que vamos olhar em um futuro próximo, é todo o sistema de tarifas de bancos”, disse em audiência realizada ontem na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Além da simplificação, a ideia é mostrar “para a sociedade quais são as tarifas, como são divididas e quais serviços servem como contrapartidas”.

Por enquanto, o diagnóstico do BC é que a complexidade do sistema – a maneira como uma cobrança incide sobre a outra – é uma questão mais grave do que o número em si de tarifas. “São muitas tarifas, complexas, difíceis de entender, e geralmente não têm uma correlação entre a tarifa e o serviço prestado”, disse. “A gente tem mais um problema de complexidade do que de números de tarifas.” Na audiência, Campos se mostrou otimista com o impacto do crescimento de investidores na bolsa de valores. Depois de ficar “estável entre 500 mil e 600 mil durante dez anos”, o número de investidores voltou a crescer no ano passado, atingindo 1,4 milhão de pessoas em 2019.

“Isso provavelmente vai significar, em um momento mais breve, em uma diversificação de empresas na bolsa”, afirmou. “A gente começa a ver que o fluxo de empresas que vão abrir capital no ano que vem está crescendo muito.”

Entre os projetos apresentados pelo BC, Campos Neto voltou a destacar que a criação da proteção cambial para infraestrutura está em uma de suas últimas etapas, sendo analisada pela Receita Federal. “O produto já está desenhado, já está feito”, disse. Além disso, a tendência é que a autoridade monetária apresente na semana que vem um projeto de educação financeira. A ideia é que os que os bancos realizem mutirões para a renegociação de dívidas. Em troca, o cliente precisará realizar um curso de educação financeira.

Os presidentes do BC comparecem trimestralmente à CAE. A visita de ontem foi a terceira em duas semanas que Campos Neto fez ao Congresso, onde o BC tem uma agenda legislativa considerada importante pela atual diretoria. Entre os projetos já em tramitação, estão o de autonomia da autoridade monetária e o que estabelece uma nova legislação cambial.

Após a audiência, o presidente do BC participou de um almoço na sala do bloco parlamentar Vanguarda, formado por senadores do DEM, PL e PSC. No encontro, os parlamentares cobraram soluções para os altos juros no cheque especial. Mais cedo, na CAE, Campos Neto havia reafirmado que o projeto do BC para diminuir as taxas dessa modalidade deve ser lançado em breve.

Na tarde de hoje, Campos Neto participa de nova audiência no Congresso, desta vez na Comissão Mista de Orçamento (CMO). (Colaborou Renan Truffi)

Fonte: Valor Economico