A medida foi descrita pelo governo chinês como uma forma de “proteger os legítimos direitos e interesses dos cidadãos”
O reconhecimento facial é cada vez mais presente na vida dos chineses, e uma nova lei deve garantir que todos os cidadãos conectados tenham seu rosto arquivado nos bancos de dados do governo. Essa medida tornou obrigatória à população digitalizar o rosto ao contratar uma nova linha de celular ou novo plano de dados para o telefone.
A decisão, que entrou em vigor neste mês, significa que todos os novos contratos de telefonia móvel exigirão a digitalização da face do consumidor para verificar se quem está contratando a linha é a mesma pessoa no documento do governo.
A medida foi descrita pelo governo chinês como uma maneira de “proteger os legítimos direitos e interesses dos cidadãos no ciberespaço”, mas especialistas afirmam que a nova regra facilita o rastreamento dos usuários chineses de telefones celulares e internet.
Jeffrey Ding, pesquisador em inteligência artificial chinesa da Universidade de Oxford, afirma que uma das motivações para a nova medida é reduzir as fraudes online.
Mas outra motivação provável, disse ele, é a de rastrear melhor a população. “Isso está ligado a um esforço muito centralizado para tentar manter o controle de todos, ou essa é pelo menos a ambição”, disse Ding, em entrevista à BBC.
Vigilância constante
A China já usa há alguns anos a tecnologia de reconhecimento facial para monitorar sua população. Em 2017, o país já tinha 170 milhões de câmeras de segurança instaladas pelo país, e o objetivo é ter 400 milhões até 2020.
O país também está montando um sistema de “crédito social” para acompanhar a conduta e as interações públicas de todos os seus cidadãos em um único banco de dados.
Lançado em 2014, o sistema de classificação afeta tudo, desde a aprovação de empréstimos até a permissão para embarcar em voos.
Segundo o South China Post, espera-se que o sistema esteja totalmente em funcionamento até 2020.
No entanto, o reconhecimento facial não é usado apenas para monitorar a população. Na China, está se tornando comum para autenticação em comodidades e serviços diários, como a realização de pagamentos, entrada no metrô ou registro de cartão de ponto no trabalho.