Cooperativas oferecem os mesmos produtos e serviços que os bancos, a taxas menores e com educação financeira, mas é preciso participar das assembleias
Enquanto as fintechs, startups de serviços financeiros, ganham força — e bota força nisso — um modelo antigo de instituição financeira, do início do século XX, vem conquistando espaço: as cooperativas de crédito. Essas entidades crescem oferecendo os mesmos produtos e serviços que os bancos, a taxas menores e com educação financeira.
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As 925 cooperativas de crédito do país somavam R$ 137 bilhões em ativos totais em 2018, 18% mais que em 2017. Para se ter uma ideia, o sistema financeiro como um todo cresceu 7% no mesmo período.
A quantidade de cooperados atingiu 9,9 milhões em 2018, alta de 9% em relação a 2017. O número de empresas associadas cresceu 18%, enquanto o de pessoas físicas, 8%. O aumento do número de cooperados pessoas físicas foi maior que o crescimento estimado para a população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados refletem a busca das entidades do setor por profissionalização, ganhos de escala e diversificação de produtos e serviços.
“O nome técnico ainda é cooperativa de crédito, mas hoje falamos em cooperativa financeira. Temos todos os produtos e serviços de um banco”, diz Francisco Reposse Junior, diretor de desenvolvimento e supervisão do Sicoob Confederação.
sso significa que elas oferecem conta, cartão, empréstimos, investimentos, seguros, maquininhas de pagamento e por aí vai.
O Sicoob e o Sicredi são hoje os maiores sistemas de cooperativas do Brasil.
Cooperativas X Bancos
Apesar das cooperativas oferecerem os mesmos produtos e serviços que os bancos, essas instituições possuem algumas diferenças. Enquanto os bancos precisam dar lucro aos acionistas, as cooperativas distribuem resultado para os próprios cooperados. Ao abrir uma conta em uma cooperativa, você se torna um sócio dela.
“Somos um grande crowdfunding. Antigos de constituição, mas modernos de conceito”, diz Jaime Basso, presidente do Sicredi Vale do Piquiri, que atua em São Paulo, no ABC paulista e em parte do Paraná.
Na maioria das cooperativas do Brasil, qualquer um pode ser cooperado, independentemente da sua renda ou profissão. Para entrar, é preciso pagar um valor inicial, chamado de capital social, geralmente abaixo de R$ 50.
Se a cooperativa tiver resultado positivo, o dinheiro é distribuído aos cooperados uma vez por ano, proporcional ao valor das operações de cada um. Mas se tiver resultado negativo, o cooperado pode ter que arcar com eventuais perdas se o fundo de reserva for insuficiente para cobri-las.
Todos os depósitos mantidos nas cooperativas têm a proteção do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), que garante até R$ 250 mil por CPF. O valor é o mesmo garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) aos clientes dos bancos.
Os associados podem votar em assembleias para tomar decisões sobre os rumos da cooperativa. A maioria delas investe na própria comunidade em que atua.
“Como sócio da cooperativa, você precisa participar e saber como a entidade está indo financeiramente para não ser pego de surpresa”, diz Myrian Lund, planejadora financeira certificada pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar) e especialista em cooperativas de crédito.
Taxas mais baixas
Uma das principais vantagens de ser um cooperado são as tarifas dos serviços financeiros menores e taxas de juros mais baixas. Em geral, nas linhas de crédito em que o risco é maior, como empréstimo pessoal e cartão de crédito, os juros são proporcionalmente menores do que quando comparados com os bancos.
Quando existe uma garantia associada, como acontece no empréstimo consignado ou no financiamento de veículos, por exemplo, as taxas de juros das cooperativas são similares às dos bancos.
A seguir, compare as taxas de juros médias por modalidade de crédito cobradas pelas maiores cooperativas de crédito em relação às taxas praticadas pelos bancos.