A posição de capital dos bancos é saudável e deve acomodar as perdas com inadimplência
Bancos da América Latina consideram “gerenciáveis” os impactos da pandemia do coronavírus em seus negócios por dois a três meses, sendo que após esse período o risco aumenta consideravelmente, segundo relatório do Credit Suisse, que conversou com 15 instituições financeiras de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México.
Um denominador comum é a expectativa de desaceleração do crédito, particularmente entre pequenas e médias empresas e pessoas físicas, com um impacto negativo na qualidade de ativos, cuja magnitude vai depender da duração da pandemia. “Os bancos estão proativamente trabalhando em renegociações”, diz.
Nesse sentido, Banco do Brasil e Santander anunciaram ontem medidas voltadas a empresas menores. O BB deu carência de dois meses nas linhas de financiamento com recursos próprios a micro e pequenas empresas. Na prática, as duas próximas parcelas podem ser migradas para o final do cronograma, e os juros serão diluídos ao longo do período do contrato.
Já o Santander anunciou carência de três meses no capital de giro a clientes com domicílio no banco para receber os valores das “maquininhas” de cartão. Ainda dará isenção do pacote de tarifas para os microempreendedores individuais pelo período de dois meses, com a condição de que esses clientes usem os recursos para pagar contas de consumo em débito automático no próprio banco.
Segundo o Credit Suisse, os reguladores latino-americanos estão em ação para conter os impactos da pandemia. Eles lançaram medidas que permitem a renegociação e extensão do crédito sem exigir mais provisões. Brasil e Chile têm uma situação melhor, com os governos, bancos públicos e bancos centrais agindo rapidamente.
No Brasil, os bancos esperam aumento da demanda de grandes empresas por crédito, enquanto o mercado de capitais está caro e restritivo. A posição de capital dos bancos é saudável e deve acomodar as perdas com inadimplência, que têm sido uma preocupação menor do que a desaceleração do crédito. A ajuda de bancos públicos nesta situação, segundo o Credit, é vista como positiva.