Uso consciente do crédito é foco de órgão regulador

BC criou o conteúdo “Educação financeira em tempos de covid-19”

A crise causada pela pandemia aumentou a procura por informações sobre educação financeira nos canais educativos de órgãos reguladores e de autorregulação. E estes reforçaram a comunicação para ajudar as pessoas a manter o orçamento em equilíbrio.

“A crise ressaltou a importância da resiliência financeira, da necessidade de ter poupança para fazer face a perdas na renda. A procura por informações e cursos de finanças pessoais aumentou”, afirma Luís Gustavo Mansur Siqueira, chefe do departamento de promoção da cidadania financeira do Banco Central (BC). Para fazer face à demanda, o BC criou o conteúdo “Educação financeira em tempos de covid-19”, no seu site voltado à cidadania financeira.

O BC foca a atuação em educação financeira na formação de poupança, organização do orçamento pessoal e uso consciente do crédito e dos produtos financeiros, e leva a cabo iniciativas estruturantes (com potencial de atingir muitas pessoas) e voltadas aos indivíduos (como o site de cidadania financeira, com cursos, vídeos e a calculadora do cidadão).

Siqueira destaca três iniciativas estruturantes: as ações que visam capacitar professores ao ensino de educação financeira em escolas públicas (projeto Aprender Valor), a parceria com o sistema financeiro para o desenvolvimento de uma plataforma de finanças pessoais (com a Federação Brasileira de Bancos, Febraban) e as relacionadas ao apoio às pessoas superendividadas (relatório de endividamento de risco).

Na Febraban, uma das iniciativas é a renegociação de dívidas, que aumentou por conta da crise, conta Amaury Oliva, diretor da entidade. Neste ano, foram renegociados 12 milhões de contratos, no valor de R$ 744 bilhões (postergamentos e descontos representam R$ 93,7 bilhões desse total). O montante inclui crédito pessoal, de veículos e imóveis.

Oliva diz que o principal objetivo é estimular o uso consciente do crédito por meio da informação e da autorregulação (com regras voltadas ao consumidor, à sustentabilidade e à prevenção de ilícitos). Na área informativa, a atuação é pelo portal Meu bolso em dia. Para 2021, está prevista uma plataforma de educação financeira (em cooperação com o BC) com conteúdo personalizado, que sugerirá “trilhas” de conhecimento e terá indicadores de saúde financeira.

Já a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) visa estimular a formação de poupança – para isso, é necessário primeiro ajudar as pessoas a se tornarem protagonistas de suas vidas financeiras para, depois, informá-las sobre investimentos, diz José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação aos investidores.

As ações para agentes do mercado são a participação na elaboração da Semana Mundial do Investidor, o Laboratório de Inovação Financeira, a realização de uma conferência anual sobre finanças comportamentais e a participação em redes internacionais voltadas ao tema. Já o investidor encontra farto material (cursos, cartas, alertas, webinars, livros) no Portal do Investidor, além dos canais de comunicação via redes sociais.

Na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), uma das iniciativas recentes foi a de trazer um vídeo de dez minutos, em canal no Youtube, explicando a marcação a mercado. Com a crise, muitos investidores sacaram recursos de fundos de crédito privado por desconhecimento. A Anbima também realizou a série de stories Fato ou fake no Instagram para ajudar os investidores a identificar fraudes, conceitos errôneos e má orientação. “Com a queda de juros, o aumento do desemprego e a pandemia, as pessoas estão fragilizadas, o que abre o caminho para fraudadores”, explica Aquiles Mosca, presidente do grupo consultivo de educação financeira.

Na Anbima, as iniciativas são voltadas para os associados e para os investidores. No primeiro rol, estão iniciativas como a pesquisa Raio X do investidor, uma central de informações sobre investimentos (no site) e o Congresso de Mercado de Capitais. Para as pessoas, há blog Como investir, o canal no Youtube e cursos de extensão sobre educação financeira para universitários (34 mil formados).

Fonte: Valor Economico