Banco já espera resultado recorde no segundo trimestre com venda do Pan e IPO da Caixa Seguridade
A Caixa teve lucro de R$ 4,584 bilhões no primeiro trimestre, com queda de 19,3% em relação ao quarto trimestre, mas um aumento de 50,3% em relação aos três primeiros meses do ano passado. O resultado foi recorde para os três primeiros meses de um ano e o banco diz que o segundo trimestre será ainda melhor com o impulso do IPO da Caixa Seguridade e da venda da fatia no Banco Pan.
Conforme o banco, o desinvestimento total no Pan resultou em um lucro estimado em R$ 2 bilhões, considerando todas as operações desde 2019, e o IPO da Caixa Seguridade movimentou um total de R$ 5 bilhões, que deve proporcionar à Caixa um ganho de R$ 3,3 bilhões com a operação.
A Caixa terminou março com um saldo de R$ 799,626 bilhões em operações de crédito, um aumento de 1,5% frente a dezembro e de 14,3% em relação ao fim do primeiro trimestre de 2020. Na habitação, a carteira chegou a R$ 518,365 bilhões, com alta 1,5% e 10,2%, respectivamente. As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) totalizaram R$ 2,545 bilhões no primeiro trimestre, o que indica queda de 3,4% em relação ao quarto trimestre, mas um aumento de 26,5% sobre o mesmo período do ano passado.
O balanço trouxe, no entanto, uma piora da inadimplência. A taxa de operações com atraso superior a 90 dias aumentou para 2,04% em março, de 1,73% em dezembro. Houve queda em relação aos 3,14% apontados no fim do primeiro trimestre do ano passado. Os atrasos em três meses se concentraram nos segmentos de pessoas jurídicas com recursos livres, em que a taxa passou de 3,99% no encerramento de 2020 para 4,93% em março. Em habitação, saltou de 1,31% para 1,81%. Nos demais segmentos, o indicador recuou.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que a inadimplência do banco caiu muito no ano passado por causa das pausas nos pagamentos concedidas aos clientes na pandemia, mas subiu no primeiro trimestre e deve continuar avançando um pouco, até voltar a patamares mais normais. “Os atrasos vão aumentar mais um ou dois trimestres até chegar à media anterior”, comentou em teleconferência.
Segundo Guimarães, o movimento já era esperado e está sob controle. O executivo destacou que o banco tem um nível de cobertura forte (de 216,2% no fim de março) e que as provisões para devedores duvidosos continuaram elevadas em consequência da segunda onda da pandemia.
A margem financeira avançou 6,8% em relação ao primeiro trimestre de 2020 e 4,1% na comparação com o quarto trimestre, chegando a R$ 11 bilhões.
Por outro lado, as receitas de tarifas totalizaram R$ 5,7 bilhões entre janeiro e março, queda de 8,4% frente ao trimestre imediatamente anterior e de 1,9% sobre o primeiro trimestre do ano passado. O presidente da Caixa atribuiu parte do declínio ao Pix, que é grátis para pessoas físicas tem substituído TEDs e DOCs. A expectativa, no entanto, é outras linhas de tarifas se recuperem à medida que a atividade econômica melhorar e os bancos encontrar outras fontes de receita.
Guimarães ressaltou que o banco já reduziu prédios administrativos de 248 em janeiro de 2019 para 135 e o objetivo é chegar ao fim do ano com no máximo 70. Com isso, a expectativa é economizar R$ 406 milhões no triênio 2019-2021.
O presidente da Caixa disse que o banco vai continuar crescendo no crédito imobiliário e tem a ambição de alcançar 20% de participação no agrícola. Pela primeira vez, o banco vai entrar no Plano Safra. (Colaborou Talita Moreira)
fonte: Valor Econômico