Comparação é com mesmo período do ano passado; lojistas reclamaram de aumento nas taxas de juros
O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta feira que a concessão de crédito para empresas em 2020 aumentou 34% em comparação com o mesmo período do ano passado. A contabilização dos dados é do início do ano até o dia 3 de abril.
Em 2019, foram concedidos R$ 347,8 bilhões em crédito para pessoas jurídicas, enquanto em 2020 o número foi de R$ 466,2 bilhões.
Durante a crise causada pelo coronavírus, alguns setores empresariais têm reclamado que os bancos estariam dificultando o acesso ao crédito.
No fim de março, associações de lojistas enviaram uma carta para o Banco Central e para o Ministério da Economia denunciando que os bancos estariam aumentando os juros cobrados por financiamentos.
Uma pesquisa do Sebrae divulgada no início do mês apontou que 60% das micro e pequenas empresas que pediram empréstimos tiveram o crédito negado por instituições financeiras.
Para pessoas físicas, o aumento foi de 13,9% na mesma comparação. O crescimento foi de R$ 172,6 bilhões no ano passado para R$ 193,3 bilhões neste ano.
Medidas
No início da semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que as medidas da autoridade monetária foram efetivas para estimular a concessão de crédito. Em março, primeiro mês em que a crise teve efeitos fortes na economia, a concessão subiu 40,5% em comparação com o ano passado para pessoas físicas e jurídicas.
No entanto, Campos Neto admitiu que mais concessões não significam taxas de juros mais baixas e disse estar fazendo o máximo “na medida do possível” para que o crédito chegue na ponta.
No dia 20 de fevereiro, o BC anunciou que iria liberar R$ 135 bilhões em compulsórios, que são a parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a manter em reservas. A partir daquele momento, o valor estava livre para os bancos utilizarem como achassem melhor.
Na época, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse que era natural imaginar que parte dos recursos iriam para concessão de crédito.
Em março, o BC anunciou medidas que dariam um impacto de R$ 1,2 trilhão em liquidez para o sistema na tentativa de combater os efeitos da pandemia. Entre ações, uma nova liberação dos compulsórios, mas na faixa dos R$ 68 bilhões.