Bradesco espera retomada na demanda de crédito no 2º semestre

Por outro lado, o presidente do banco, Octavio de Lazari, afirmou que a inadimplência deve atingir o pico no primeiro trimestre de 2021

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, afirmou esperar um desempenho mais forte do crédito na segunda metade do ano, depois de a carteira do banco ter crescido 14,9% em 12 meses até junho, para R$ 661,115 bilhões. “Esperamos a retomada na demanda de crédito no segundo semestre com a reabertura da economia”, disse o executivo a analistas.

Segundo Lazari, a originação de crédito desacelerou no segundo trimestre, com queda da demanda em várias linhas, o que é “normal” num momento como o atual. A originação por dia útil cresceu 7% no segundo trimestre quando comparada ao mesmo período do ano passado. Houve alta de 12% no caso de pessoas jurídicas, mas a produção de crédito a pessoa física recuou 2%.

Nas linhas de pessoas físicas, Lazari apontou a retomada da demanda por consignado a partir de maio e a manutenção do crédito imobiliário de um lado, e a retração em cartões de crédito e e financiamento de veículos de outro.

Nas linhas de micro, pequenas e médias empresas, o executivo disse notar uma queda na demanda por crédito para expansão dos negócios.

Mais cedo, em teleconferência com jornalistas, Lazari destacou que o Bradesco deve ter em crédito um desempenho mais forte que o do mercado como um todo. A área de pesquisa econômica do banco prevê expansão de 5% para o saldo de crédito no país neste ano.

A inadimplência das operações de crédito deve atingir o pico no primeiro trimestre de 2021, afirmou o presidente do Bradesco. “Vai depender da continuidade ou não, de descobrir a vacina”, disse o executivo.

De acordo com o executivo, a “fotografia” mostra que haverá uma escalada gradual dos calotes e chegar ao ponto máximo nos primeiros meses do ano que vem.

Ontem, o presidente do Santander, Sérgio Rial, estimou que o auge da inadimplência se verá no quarto trimestre deste ano e a taxa passará a recuar ao longo de 2021.

Lazari disse ainda que o banco deverá fechar neste ano mais do que 400 agências, além de transformar parte delas em pontos de atendimento.

Por outro lado, o executivo afirmou que a capacidade do banco de atrair novos clientes pode compensar o impacto negativo da queda das taxas de juros, permitindo que o crescimento da margem financeira se mantenha em linha com o da carteira de crédito.

“Há um ‘flight to quality’. Mais clientes estão vindo para o banco para depositar seus recursos”, disse o o presidente do Bradesco. “São mais clientes que vem para o banco, trazendo negócios, investimentos, tarifas.”

O Bradesco chegou ao fim de junho com 31,3 milhões de contas correntes abertas, ante 30,7 milhões no fim de março. No banco digital Next, as contas ativas passaram de 2,7 milhões em junho e a previsão é que superem 3,5 milhões até o fim do ano.

Segundo Lazari, “talvez o pior momento” para a margem financeira com clientes já tenha passado. O executivo disse ver uma melhora nas linhas de intercâmbio de cartão de débito e débito, que chegaram a cair 35% e agora estão caindo 8%.

Dividendos

Com o pagamento de dividendos restrito neste ano, o presidente do Bradesco afirmou que o banco pretende gerar receita e melhorar os resultados para remunerar os acionistas “quando a situação voltar à normalidade”.

Lazari disse que o banco cumprirá a restrição imposta pelo Banco Central às instituições financeiras neste ano, segundo a qual elas só podem pagar dividendos até o limite previsto na lei no em seus estatutos sociais. No caso do Bradesco, esse teto é de 30%. “Vamos cumprir os 30% da regulação e vamos ver o ano que vem”, afirmou.

Fonte: Valor Economico