Banco vê espaço para continuidade do crescimento; lucro ajustado foi de R$ 1,02 bi no período
O BTG Pactual dobrou a receita no segmento de crédito corporativo no terceiro trimestre e expandiu em mais de 70% a carteira, marcando o melhor período da história do banco nesse quesito. A receita somou R$ 425 milhões, com uma carteira de crédito de R$ 68,3 bilhões – um crescimento de 73,9% no ano e de 19,4% no trimestre.
O diretor financeiro do BTG Pactual, João Dantas, vê espaço para continuidade de crescimento do crédito nos próximos trimestres, mas talvez não no ritmo atual. Segundo ele, o banco saiu de 1,9 vez o patrimônio para 2,6 vezes no crédito corporativo, mas no passado já chegou a operar perto de 3 vezes. “Nós consideramos esses níveis bastante adequados para nosso perfil de negócio. Tivemos uma oportunidade única de crescer no crédito e soubemos aproveitar”, disse. “Acredito que temos espaço para crescer mais um pouco no crédito, talvez não nos ritmos atuais, e sempre mantendo a qualidade da carteira, que hoje é melhor do que era um ano atrás.”
Segundo Dantas, o banco vai começar a lançar mais produtos no segmento de pequenas e médias empresas – que, até aqui, tem sido basicamente antecipação de recebíveis para fornecedores no ecossistema das grandes empresas que já eram clientes do banco. No período, a carteira de PME atingiu R$ 5,8 bilhões.
Crédito também tende a ser um dos componentes importantes na estratégia de varejo do banco. “Temos um bom ‘share’ no segmento private, onde o cliente faz seus investimentos de forma descorrelacionada à instituição transacional. No varejo de alta renda, a combinação de investimentos, conta corrente e crédito”, disse Dantas, apontando o público que a instituição quer focar para o crescimento do banco de varejo BTG+. “Com essas três coisas, o banco tende a ser muito competitivo no segmento de varejo de alta renda, que é tão grande quanto o private, em volume de capital.”
Até o momento, a operação do BTG+ tem funcionado em “soft opening” para clientes e funcionários. O presidente do BTG, Roberto Sallouti, disse que a operação de banco de varejo deve abrir para o “mar aberto” na virada do ano.
Conforme Dantas, isso significa hoje uma carteira de clientes na casa de milhares. “Estamos nos cinco dígitos, uma vez que ainda é só um aperitivo”, disse. “Essa combinação [de serviços e produtos] deve levar o banco a uma participação compatível, em percentual de AUM e receita, com wealth. Isso significa subir para nove dígitos, ou seja, ficar na casa de milhões de clientes”, disse.
O BTG teve lucro total ajustado de R$ 1,02 bilhão no terceiro trimestre, uma queda de 5,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, mas alta de 2,9% ante o segundo trimestre. A receita total atingiu R$ 2,48 bilhões, com alta de 13,5% e queda de 0,2%, respectivamente.
O retorno anualizado (ROAE) ficou em 15,7% no terceiro trimestre, de 17,5% no segundo e 20,8% no terceiro trimestre de 2019. As despesas operacionais totais somaram R$ 1,08 bilhão no terceiro trimestre, alta anual de 26%. Segundo Dantas, o custo do negócio não tem aumentado, mas sim o volume de investimento, daí a alta de despesas – o que tenderia a se reduzir conforme a menor necessidade de investimentos e início de geração de resultados no banco de varejo.
Os ativos sob gestão e administração chegaram a R$ 329,3 bilhões, com crescimento de 29,3% no ano e de 8,3% no trimestre. Na atividade de investimento voltada ao varejo, o banco promoveu uma série de estratégias de ganho de mercado. Agora, o banco avalia que a fase de aquisições e novas sociedades pode esfriar e a expansão, nos próximos meses, tende a ser com crescimento orgânico.