Nível de ocupação melhorou porque foram gerados 111 mil postos de trabalho no período, ritmo superior ao do crescimento da população economicamente ativa, que avançou só 0,9%
SÃO PAULO – A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo (RMSP) registrou um ligeiro declínio ao passar de 17,5% em setembro para 17,2% em outubro, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta quarta-feira (30) pela Fundação Seade e pelo Dieese. Em outubro de 2015, o índice estava em 14,3%.
O nível de ocupação melhorou porque a abertura de vagas foi maior que o avanço da População Economicamente Ativa (PEA). Foram gerados 111 mil postos de trabalho (1,2% do total), ritmo superior ao do crescimento da PEA, de 0,9%, equivalente a cerca de 95 mil pessoas que se incorporaram ao mercado de trabalho.
Segundo o economista e coordenador da pesquisa, Alexandre Loloian, desde setembro de 2011, quando o aumento da geração de emprego foi estimado em 1,1%, a ocupação não atingia o nível atual. Apesar da melhora, o economista também ressalta que, na comparação de períodos acumulados em 12 meses, desde novembro de 2014 a pesquisa tem registrado taxas negativas.
“O resultado de outubro é uma boa notícia, mas não permite que se nutra a ilusão de uma melhora a partir desse dado. É um mês em que normalmente a quantidade de postos de trabalho aumenta por conta do movimento de final de ano, mas, como o resultado dos meses anteriores estava muito baixo, qualquer recomposição gera um aumento expressivo”, explicou.
O contingente de desempregados em setembro foi estimado em 1,910 milhão de pessoas, 16 mil a menos que no mês anterior.
O desemprego aberto – pessoas que procuraram emprego nos últimos 30 dias e não exerceram nenhum trabalho nos últimos sete dias – variou de 14,4% para 14,3%. O desemprego oculto – pessoas que não têm trabalho nem procuraram nos últimos 30 dias ou realizaram alguma atividade informal até a data da pesquisa – caiu para 2,9% ante 3,1% na pesquisa anterior.
Os jovens com idade entre 16 e 24 anos continuam sendo maioria entre o contingente de desempregados na RMSP. O resultado dessa faixa em outubro manteve relativa estabilidade sobre setembro, ao passar para 35,9% ante 36%. Na comparação com outubro de 2015, porém, a alta no desemprego entre os jovens chega a 23,8%.
Isoladamente, o Grande ABC continua em tendência de queda no desemprego, ao passar de 16,0% em setembro para 15,5% em outubro. Conforme explica Loloian, a redução na taxa da região aconteceu em decorrência do aumento das vagas disponibilizadas pelo comércio e pelo setor de serviços em movimento típico de final de ano. “Embora a região seja o principal polo industrial do Estado de São Paulo, a indústria não tem influenciado, nem mostrado sinais de grandes retomadas”, diz.
O desemprego na região oeste da RMSP (Osasco, Barueri e outras cidades) subiu de 16,5% para 17,4%; já na região leste (Guarulhos, Mogi das Cruzes e outas) passou de 20,5% para 20,0% em outubro.
Setores
O contingente de ocupados (indivíduos que nos sete dias anteriores a pesquisa exerceram algum tipo de trabalho) foi estimado em 9.192 milhões de pessoas. O resultado foi puxado pelos aumentos de 6,0% no comércio (com geração de 93 mil vagas), 1,9% na indústria (25 mil) e de 1,3% na construção civil (8 mil).
Só o setor de serviços registrou pouca variação no nível ocupacional, com leve recuo de 0,3%, cerca de 16 mil postos a menos.
Salários
O rendimento médio real dos ocupados elevou-se em 1,2%, para R$ 1.972, e o dos assalariados variou 0,3%, para R$ 2.025. Os dados sobre renda têm defasagem de um mês em relação aos demais e referem-se, portanto, á passagem de agosto para setembro,
“Diminuiu a intensidade das perdas, mas o rendimento ainda continua abaixo dos índices do ano passado e muito abaixo da média dos anos 2000. Proporcionalmente, o salário atual está 20% menor que os valores praticados na década anterior”, destaca o coordenador da pesquisa.
Elaine Coutrin
Fonte: DCI