Crédito, uma questão de risco e preferência

A estabilidade do saldo das aplicações de dinheiro dos bancos diretamente em títulos do Tesouro que estão na carteira do Banco Central (BC), em montante superior a R$ 1 trilhão nos últimos seis meses, é sinal de que há dinheiro saindo pelo ladrão nas instituições. Logo, dinheiro para fomentar operações de crédito existe e está bem guardado – permanentemente sob custódia da autoridade monetária.

A viabilidade de transferir esses recursos para financiar a produção ou consumo de bens não depende, porém, de boa vontade – afinal, “boa vontade” não é critério financeiramente mensurável. Tanto dinheiro mantido por bancos, durante tanto tempo, em determinada operação – no caso, compras temporárias de papéis públicos – sugere que há retorno compensador e baixo risco de prejuízo. O governo brasileiro garante essas duas condições aos bancos. Já potenciais tomadores de empréstimos bancários, nem sempre.

Uma segunda leitura para a preferência dos bancos pelos títulos públicos é a baixa demanda por crédito que pode ser explicada por várias razões e também pela falta de confiança de empresários e consumidores na situação presente e/ou futura da economia brasileira.

Será esse o nosso caso? Possivelmente sim.

Estatísticas do Banco Central confirmam também expressiva aplicação de recursos de empresas em títulos públicos federais. O saldo dessas aplicações está bem distante de R$ 1 trilhão, mas subiu de patamar de 2015 para 2016, tendo leve baixa em novembro.

As empresas não financeiras aplicavam cerca de R$ 196 bilhões em operações compromissadas do BC em dezembro de 2015. No encerramento do primeiro trimestre de 2016, as compras temporárias de dívida pública diretamente do BC atingiram a cifra recorde de R$ 219 bilhões. A expansão nesse curto período foi de cerca de 12%.

Em doze meses encerrados em março deste ano, as operações compromissadas de empresas com lastro em papéis públicos cresceu R$ 45 bilhões. De janeiro a outubro de 2016, as compromissadas das empresas superaram R$ 200 bilhões. No mês passado, esse estoque de operações rompeu o suporte de R$ 200 bilhões e caiu a R$ 193,9 bilhões.

 

Fonte :Blog Televendas