Ideia de que banco gosta de juro alto é equivocada, diz Febraban

BRASÍLIA –  O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, afirmou que a redução do spread bancário é um item na agenda do Brasil e que há uma visão equivocada de que os bancos gostam de juros altos.

“Os bancos gostam de emprestar e de receber o valor emprestado de volta”, disse Portugal, antes de participar de evento da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil).

Questionado sobre o andamento da agenda do Banco Central (BC) para a redução do spread, Portugal disse que o projeto caminha bem e que o diagnóstico está correto. Como a inadimplência representa 54% do spread, segundo dados do BC, o presidente da Febraban afirmou que a redução do custo de crédito vai estreitar o diferencial entre o custo de captação e o custo do crédito para o tomador final.
O executivo lembrou que a recuperação de créditos, mesmo com garantias, é fraca no país, e que o custo tributário é elevado em comparação com outros países. Portugal observou ainda que o lucro dos bancos representa 16% do spread.

Portugal e o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CMV), Leonardo Pereira, que também é presidente do Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef), apresentaram as tecnologias de um programa de educação financeira para adultos.

O foco do programa está nos aposentados com renda de até dois salários mínimos e nas mulheres beneficiárias do Bolsa de Família. O projeto contou com financiamento do Banco Mundial e teve pesquisadores morando com as famílias-alvo para entender melhor hábitos e linguagem para montar o programa. Segundo Portugal, em maio será possível mensurar os resultados da iniciativa que atendeu 49 municípios de 16 Estados mais Distrito Federal.

Em seu discurso, Pereira lembrou que apenas 1% dos aposentados consegue se sustentar por conta própria, 46% dependem de ajuda dos parentes e 25% têm de seguir trabalhando. “Esse público e vulnerável. Por isso, precisa de educação financeira até para prevenir o superendividamento”, disse, acrescentando que compreender conceitos básicos de finanças é fundamental.
Portugal afirmou que, aos bancos, não interessa a contratação desmedida de dívida, mas facilitar o funcionamento da economia e procurar dar apoio a quem precisa de crédito. “O ganho dos bancos está associado à prosperidade dos seus clientes. Temos preocupação em garantir a sustentabilidade dessa prosperidade”, disse.
Por isso, afirmou Portugal, o sistema bancário incorporou a educação financeira como prioridade. “Queremos, além de fornecer crédito, fornecer condições para que as dívidas possam ser honradas e o dinheiro, bem utilizado para que o beneficiário melhore sua vida e saia satisfeitos com os bancos”, disse.
Antes disso, o presidente da Febraban lembrou que os bancos foram capazes de ampliar sua cobertura para uma parcela da população que não era servida com crédito e que isso foi feito com prudência e qualidade na concessão. Isso fez dos bancos uma solução e não um problema no momento de queda da atividade, segundo ele.
O programa de educação para adultos foi iniciado em agosto de 2013 e já envolveu 6,5 mil pessoas. Agora, a AEF-Brasil transfere a tecnologia desenvolvida aos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Social. O público-alvo é composto por todos os 18,5 milhões de aposentados e 45 milhões de mulheres que recebem Bolsa Família. Até 2018, deverão ser

Fonte: Valor Economico