As companhias de ensino superior Anima, Estácio, Kroton e Ser Educacional – que juntas têm 1,6 milhão de alunos e representam um quarto do setor – foram obrigadas a aumentar suas provisões em 2016 para cobrir a alta da inadimplência dos alunos e a redução do programa de financiamento estudantil do governo, o Fies. No atual processo de captação de calouros, que segue até abril, as quatro companhias listadas na bolsa vislumbram um cenário um pouco melhor, mas ainda muito “desafiador” devido ao desemprego e incertezas em torno do novo Fies.
Em 2016, o indicador de Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa (PCLD) aumentou 29,6% na Kroton e 31,5% na Estácio. Na Anima, a alta foi de 44,7% e na Ser Educacional, 2,3%. O avanço nessa linha do balanço também é reflexo de medidas adotadas para evitar que o aluno abandone o curso.
A Kroton aumentou o parcelamento da dívida de aluno com bom histórico acadêmico no último trimestre do ano, quando começam as renovações de matrículas. Assim, o prazo médio de recebimento aumentou em 16 dias e o percentual provisionado também foi maior. “Desses 16 dias a mais, dois terços referem-se ao parcelamento da dívida de veteranos e um terço deve-se ao fato de haver mais estudantes pagando com atraso”, diz Frederico Abreu, vice-presidente financeiro da Kroton.
A Estácio iniciou em 2017 um programa próprio de parcelamento de mensalidade a calouros que não conseguirem o Fies. A companhia carioca vai provisionar 50% do risco, o que terá impacto na provisão neste ano. É o mesmo movimento feito pela Kroton que, desde 2015, tem um programa estudantil semelhante.
O trabalho de retenção do aluno em 2016 envolveu ainda um forte acompanhamento da performance acadêmica do estudante. Indicadores como notas baixas, faltas consecutivas ou o simples fato de o estudante não entrar no sistema para acessar o conteúdo didático já são considerados sinais de evasão, além de atrasos no pagamento. Por isso, a estratégia das instituições é procurar de forma proativa o aluno. Em 2016, a taxa de evasão caiu na Anima, Estácio e Ser Educacional e ficou estável na Kroton. A líder do setor já havia iniciado esse trabalho em 2015, o que reflete na base de comparação.
O fato dos grupos terem iniciado uma reestruturação em períodos diferentes pesou no desempenho do ano passado. Na Kroton, a receita líquida caiu 0,4%, mas o lucro líquido subiu 12,5%. Já na Anima, a receita avançou 13,5% e a última linha do balanço apontou forte queda de 67,5%. A reestruturação só foi implantada no fim de 2016 e deve gerar impactos relevantes no segundo semestre.
A Estácio, que passou por uma avalanche de mudanças em 2016 com a fusão com a Kroton e nova diretoria, encerrou o ano com alta de 7,6% na receita e queda de 16,4% no lucro. O melhor desempenho entre as quatro listadas foi da Ser Educacional que, nos últimos trimestres já vinha apresentando resultados da reestruturação que reduziu custos e despesas. Além disso, a Ser foi beneficiada pela entrada de recursos da parcela atrasada de Fies, que melhorou a receita financeira quando comparado a 2015 que foi um ano fraco.
Fonte: Blog Televendas