Cielo e Rede sentem chegada das novatas

Antes mesmo da implementação total das mudanças regulatórias promovidas pelo Banco Central para ampliar a concorrência, os efeitos da maior competição na indústria de cartões já ficaram visíveis ontem após a divulgação de resultados das duas principais empresas do país, Cielo e Rede.

Veteranas no setor, as duas credenciadoras mostraram que estão, de alguma forma, sentido mais a chegada das mais novatas, como Stone, GetNet e PagSeguro.

A Rede perdeu 0,7 ponto percentual de participação de mercado, para 34,8%, segundo cálculos feitos pelo Credit Suisse com números de Cielo, Rede e GetNet (veja tabela ao lado). Além disso, a companhia controlada pelo Itaú Unibanco também viu o número de terminais de captura de cartões encolher 5%.

“É natural que isso aconteça num ambiente de maior concorrência, que deve ficar ainda mais acirrado por conta da regulação, mas estamos preparados para isso”, afirmou Fernando Chacon, presidente da Rede.

A partir do segundo semestre, a indústria deve passar a operar sob a chamada abertura plena, quando qualquer terminal poderá capturar, processar e liquidar uma transação. É isso o que, na visão de Chacon, deve acentuar a disputa das credenciadores por lojistas e prestadores de serviços. Hoje, por exemplo, um cartão Elo só pode ser processado e liqudado pela Cielo, assim como o Hiper só fica no sistema da Rede.

A partir do segundo semestre, a indústria deve passar a operar sob a chamada abertura plena, quando qualquer terminal poderá capturar, processar e liquidar uma transação. É isso o que, na visão de Chacon, deve acentuar a disputa das credenciadores por lojistas e prestadores de serviços. Hoje, por exemplo, um cartão Elo só pode ser processado e liquidado pela Cielo, assim como o Hiper só fica no sistema da Rede.

Na Cielo, o efeito da concorrência se mostrou na forma de redução do número de terminais de captura de transações da companhia espalhados por comerciantes. O recuo na base de maquininhas (POS na sigla em inglês) ficou em 5,3% de dezembro para março, encerrando o trimestre em 1,844 milhão de aparelhos.

Com a chegada das credenciadoras novatas ao balcão dos comerciantes, terminais das empresas mais antigas no setor têm sido devolvidos, por isso a retração no número de POS de Cielo e Rede.

Os investidores da Cielo, única companhia de capital aberto do setor, reagiram mal aos números. As ações da maior credenciadora do país caíram 5,39% no dia, cotadas a R$ 22,99. O Ibovespa teve queda de 0,94%.

O esforço da companhia tem sido no sentido de mostrar aos acionistas que o foco da Cielo está na rentabilidade, mais do que em participação de mercado.

Em teleconferência com analistas, Eduardo Gouveia, presidente da Cielo, afirmou que a empresa prevê encerrar o ano com um crescimento de 4% das despesas, no piso do intervalo da projeção, mas que trabalha para “surpreender”.

Mesmo com a perda de terminais, a Cielo ganhou – um pouco, é verdade – de participação de mercado, de acordo com o Credit Suisse. Saiu de 53,4% em dezembro para 53,6%.

Quem também conquistou uma fatia maior dos estabelecimentos, como mostram os analistas do Credit Suisse, foi a GetNet. Mesmo assim, Pedro Coutinho, presidente da GetNet, classifica a concorrência atual como “dura”.

Controlada pelo Santander, a credenciadora pretende chegar a 2018 com uma participação de mercado de 14%, considerando todos os concorrentes. Ao fim do primeiro trimestre, a companhia detinha 11%. Coutinho nega, porém, que a empresa venha a mexer em preços para ganhar clientela.

Na disputa por espaço, uma das armas usadas pelas empresas para entrar ou se manter nos estabelecimentos comerciais tem sido preços mais baixos.

Fonte: Valor Economico