Os saques e depósitos têm tarifa de R$ 5,99 por operação; o valor é mais que o dobro do que o cobrado por um saque na Caixa (R$ 2,50)
De olho em um mercado de pelo menos 10 milhões de brasileiros sem acesso a conta bancária, os Correios lançam hoje um serviço de conta pré-paga. O serviço já está disponível em 808 agências no Estado de São Paulo e 930 agências em Minas Gerais. Na sequência, o plano é expandir para o Rio de Janeiro e, até janeiro de 2018, atingir todo o País.
Para oferecer o novo produto, os Correios firmaram uma parceria com a empresa de tecnologia bancária conta.MOBI, uma startup de soluções financeiras (fintech). Entre os serviços da conta pré-paga é possível fazer saques e depósitos nos postos de atendimento de serviços postais.
Segundo os Correios, o usuário terá acesso também a débito online, máquina de cartão para o uso de microempreendedor, emissão de boletos e pagamento de contas online. No plano básico, o cliente da empresa não paga mensalidade, mas os serviços são salgados: uma operação de DOC ou TED custa R$ 7,99.
Os saques e depósitos nos Correios têm tarifa de R$ 5,99 por operação. O valor é mais que o dobro do que o cobrado por um saque na Caixa Econômica Federal (R$ 2,50). Já o cartão de crédito da Visa oferecido pela conta.MOBI sai por R$ 19,90.
No plano econômico, a mensalidade é de R$ 3,90 e no profissional fica em R$ 9,90, com as tarifas para os demais serviços sendo as mesmas do plano básico.
De acordo com a empresa de tecnologia, o dinheiro captado pelas contas correntes não será aplicado em nenhum produto financeiro neste momento. “(O que fazer com o dinheiro) é um projeto futuro que já está no mapa da empresa”, informou a conta.MOBI, sem detalhar onde o dinheiro fica aplicado hoje.
Crédito
Além dos Correios, a conta.MOBI tem uma parceria com a operadora de cartões Visa. “Certamente, ao ganhar escala, essa conta ficará ainda mais barata. Acredito que o custo dessa conta ainda não é onde queremos chegar”, explica o diretor-geral da Visa, Eduardo Abreu. Com a expansão do mercado de bancos digitais, Abreu vê uma necessidade cada vez maior dessas empresas em oferecer pontos físicos de saque e depósito. “Os Correios, por exemplo, podem oferecer esses serviços para outros bancos digitais”, avalia o executivo.
Para os Correios, a parceria vai ajudar a estancar os altos gastos com a manutenção da estrutura física, já que uma parte do lucro da transação vai para a empresa postal.
Para a empresa de tecnologia, isso pode significar a chance de ganhar escala de clientes. O plano é alcançar 1 milhão de clientes até o fim do ano.
“Essa parceria teve zero investimento dos Correios, só fizemos uma integração de sistemas. O treinamento para os atendentes é mínimo, porque eles já estão acostumados a fazer transações como as que teremos agora”, afirma o vice-presidente de canais dos Correios, Cristiano Barata Morbach.
Ele destaca que a parceria com a startup não fere a exclusividade de atuar como correspondente bancário do Banco do Brasil (BB).
O executivo dos Correios não descarta fechar mais parcerias no futuro, já que isso está nos planos da empresa para reduzir despesas.
“Precisamos rentabilizar e, quanto mais soluções como essa tivermos, conseguimos cobrir mais custos”, cita, sem detalhar se outras parcerias estão em negociação, para não infringir regras de confidencialidade da estatal.
Demanda
O presidente da fintech, Ricardo Capucio, explica que a demanda por pontos de saque e depósito partiu dos clientes da empresa. “Quanto menor a cidade e mais no interior, maior a carência desses serviços. O nosso foco é o microeempreendedor, mas também temos pessoas físicas que são empresários”, explica Capucio.
Fonte: Exame.com