O ciclo de queda da Selic ao longo de 2017 abriu espaço para as pequenas empresas renegociarem as dívidas e conseguirem começar o novo ano com as contas em ordem. Ainda que o cenário seja favorável, o caminho das pedras exige uma boa dose de planejamento para que a inadimplência não retorne, recomendam especialistas em finanças.
Entender como a empresa ficou negativada é o primeiro passo, segundo José Vignoli, educador financeiro do SPC Brasil. “É comum os empreendedores darem muita importância às ideias e à paixão pelo negócio, deixando de lado a gestão financeira. A chave é compreender como chegou à situação de inadimplência”, afirma. Isso passa por se dedicar ao fluxo de caixa, que ajuda a enxergar a situação financeira da companhia e a manter as despesas sob controle.
Um erro comum, segundo Vignoli, é olhar apenas para o resultado das vendas. Assim, quanto mais fatura, maior será a necessidade de capital de giro. “Em linhas gerais, a gestão do negócio inclui três pilares: estoque, fluxo de caixa e custos. Com isso, o empreendedor consegue tomar decisões menos arriscadas”, observa Paulo Cereda, gerente regional do Sebrae-SP.
Antes de partir para a renegociação das dívidas, é importante avaliar o resultado operacional, que tem a ver com a capacidade de geração de caixa futura. Em muitos casos, a dívida não é oriunda de um problema operacional, explica David Kallás, professor de estratégia do Insper. A falta de caixa pode estar relacionada a uma gestão pouco eficiente do capital de giro, por exemplo. “Para melhorar essa situação, a recomendação é reduzir o nível de estoque, sem impactar os serviços, e tentar alongar prazos de pagamento com fornecedores”, explica.
A capacidade de pagamento é crucial para renegociar o que está atrasado, segundo os especialistas. “As empresas precisam mostrar como está organizado o fluxo de caixa e que têm capacidade de geração de caixa para pagar a dívida”, afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC. A partir daí, é importante listar tudo o que está devendo, incluindo as dívidas já renegociadas. “A indicação é começar pelas dívidas com juros mais altos, como cheque especial e linhas de capital de giro. Ou que podem trazer consequências como execução”, exemplifica Marcelo Lico, sócio-diretor da consultoria e firma de auditoria Crowe Horwath.
Calife diz que as companhias, geralmente, contam com uma vantagem: maior disposição dos credores em renegociar ou repactuar a dívida. “As empresas costumam conseguir condições melhores porque têm a possibilidade de oferecer garantias reais, como receitas e duplicatas”, afirma.
Fonte: BlogTelevendas