Gestores bilionários de hedge funds já vinham enfrentando dificuldades para evitar a saída em massa de investidores. Então surgiu outro problema: grandes despesas com impostos.
David Einhorn, John Paulson, Steve Cohen e outros famosos gerentes deviam em conjunto bilhões de dólares aos governos federal, estadual e local em impostos, graças a uma mudança, em 2008, na regra tributária relacionada a ativos no exterior, que lhes deu uma década de prazo para cumprir suas obrigações.
Para pagar a dívida tributária, eles tiveram que usar parte do próprio dinheiro dos fundos. Para alguns, a conta chegou num momento em que os ativos já estavam encolhendo.
Einhorn sacou entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões de seu Greenlight Capital para pagar impostos, segundo estimativas da Bloomberg. Os clientes retiraram quase US$ 3 bilhões dos fundos nos últimos dois anos.
Paulson, que perdeu a maioria de seus clientes na Paulson & Co desde a crise, também teve que sacar de um de seus maiores fundos cerca de US$ 1,5 bilhão para dívida tributária.
O sacrifício de ativos é particularmente doloroso, agora, porque reinvesti-los está mais difícil do que nunca. Os clientes não estão exatamente fazendo fila – US$ 9,8 bilhões entraram em fundos hedge em 2017, uma migalha, em comparação com os US$ 3,2 trilhões de ativos totais no setor.
“A maioria das alocações em fundos hedge vem de resgates de outros gestores” de hedge funds””, disse Don Steinbrugge, diretor da Agecroft Partners.
Com a mudança da regra em 2008, os legisladores decidiram que os gestores de fundos que auferissem comissões no exterior e as mantivessem lá fora teriam que declarar o dinheiro e pagar impostos sobre ele.
Para que recolhessem os impostos, o Congresso deu-lhes prazo até o vencimento dos impostos de 2017. Alguns titãs de fundos hedge fizeram isso durante a década passada, mas outros esperaram o maior tempo possível, beneficiando-se da mágica do chamado “tax-deferred compounding” – e esperando que alguém descobrisse uma maneira de reduzir suas obrigações tributárias nesse meio tempo.
Isso não aconteceu. A espera reduziu inadvertidamente alguma obrigações tributárias. Tanto Paulson quanto Einhorn passaram a dever menos do que originalmente porque ambas as firmas sofreram prejuízos que compensaram os lucros anteriores. Paulson pagou US$ 500 milhões em impostos no fim de 2017 e mais US$ 1 bilhão neste ano, informou o “Wall Street Journal” na semana passada.
Paulson recentemente fechou alguns fundos menores em sua firma e tirou dinheiro de seu Credit Opportunities Fund para pagar a conta. Em 2011, Paulson administrou US$ 38 bilhões, dos quais cerca de metade era seu próprio dinheiro, graças em parte a uma aposta em hipotecas subprime. A partir de então, apostas erradas em ouro, bancos e empresas farmacêuticas fizeram com que os ativos caíssem e os consumidores fugissem. Paulson agora administra cerca de US$ 9 bilhões, e a maior parte é de seu próprio dinheiro.
O fundo de Einhorn perdeu 20,5% em 2015, e mesmo com ganhos nos dois anos seguintes, ele ainda estava quase 13% de seu pico no fim de 2017. O principal fundo da Greenlight perdeu cerca de 14% no primeiro trimestre. Porta-vozes de Paulson e Einhorn recusaram-se a comentar.
Fonte: Valor Econômico