Golpistas fazem vítimas acreditarem estar falando com o banco e disponibilizam até motoboy para facilitar o roubo
Uma aposentada de São Paulo perdeu cerca de R$ 10 mil de sua conta corrente após ser vítima de um engenhoso golpe via telefone na última terça-feira (10).
A técnica usada pelos estelionatários soa como profissional. Ao receber uma suposta ligação do banco em que tem uma conta conjunta com o marido, a vítima, que preferiu não se identificar, não imaginou que cairia na armação.
“Eles pediram para eu entrar em contato com o banco pelo número oficial, impresso no verso do meu cartão de crédito. Isso me fez acreditar que estava em contato com o Banco do Brasil”, relata a mulher em entrevista exclusiva ao Portal da Band.
A suposta funcionária, que se identificou como Tatiana, informou que o cartão da vítima tinha sido clonado. “Segundo ela, constava uma compra de R$ 2,8 mil em uma loja em Guarulhos. Como essa transação não foi realizada por mim, ela me sugeriu o bloqueio do cartão e a abertura de uma investigação pela Polícia Civil”, conta.
Golpe do motoboy
A golpista ofereceu um motoboy para buscar o cartão da aposentada em casa. “Eu estranhei o pedido e desconfiei, mas como ela disse que eu poderia cortá-lo ao meio, eu cedi. Tudo pareceu muito confiável, a todo momento ela dizia que queria me ajudar”, desabafa aposentada.
A estelionatária retornou a ligação depois dizendo que havia recebido o cartão. “Ela disse para eu ficar tranquila, que meu cartão estava bloqueado e seria encaminhado para a Polícia. Ela me passou um número de telefone e disse que qualquer dúvida eu poderia ligar e falar diretamente com ela”, lembra.
“Foi um baque”
A aposentada só notou que caiu em um golpe quando o marido chegou em casa. “Ele me disse que tinha recebido uma mensagem no WhatsApp há alguns meses alertando sobre a tática usada pela quadrilha”, lembra.
O casal entrou em contato com o número do banco, o mesmo atendido pelos estelionatários, agora pelo telefone celular. “O funcionário do teleatendimento disse que o procedimento do motoboy buscar o cartão não existia”.
No mesmo momento o marido da vítima recebeu um SMS informando um saque de R$ 1 mil na agência da Vila Nova Cachoeirinha, a mais de 15 quilômetros da residência do casal, além de um valor debitado de R$ 3,8 mil.
Já não bastasse o susto, ao retirar o extrato descobriu dois empréstimos referentes ao adiantamento do 13º salário dele. “Foi um baque, senti que nem no banco eu poderia confiar, afinal eu liguei no número oficial dele. Estávamos contando com o dinheiro que foi roubado e agora não sabemos como vai ser”, lamenta.
Denúncia
A primeira atitude do casal, no dia seguinte, foi procurar o gerente da conta. “Ele disse que só poderia dar entrada no ressarcimento do valor com o Boletim de Ocorrência em mãos, mas que o Banco do Brasil não costuma devolver o valor quando o cliente entrega o cartão para os golpistas”, conta.
No entanto, a vítima afirma que sua maior preocupação é a segurança. “Os golpistas sabiam meu nome, nome do meu marido, nosso endereço e CPF. Onde eles tiveram acesso aos nossos dados? Como eu ligo no telefone oficial do banco e quem atende são estelionatários?”, relata indignada.
A aposentada foi ao 16º Distrito Policial, na Vila Clementino, fazer o Boletim de Ocorrência. “Parecia a todo tempo que eles queriam dificultar o processo. Esperei quase duas horas e praticamente não me ouviram, inclusive há informações erradas no documento”, diz.
Câmeras de segurança do condomínio da vítima possivelmente registraram o rosto do motoboy que participou do golpe. “Na delegacia não me perguntaram nem se eu queria fazer um retrato falado. Ele tirou o capacete e eu vi o rosto dele”, finaliza.
A vítima deve entregar o Boletim de Ocorrência ao gerente, mas ainda não tem nenhuma garantia de que verá seu dinheiro de volta.
Resposta
A Secretaria de Segurança Pública declarou que “não tem uma delegacia especializada neste tipo de crime e que a vítima deve registrar o caso em qualquer delegacia do Estado para dar início à apuração da ocorrência”.
A assessoria de imprensa do Banco do Brasil disse em nota que “informa a seus clientes que não liga ou envia mensagens ou links solicitando senhas dos clientes, e também orienta a NÃO [grifo do banco] fornecer, informar ou digitar as senhas em ligações ou links recebidos, tampouco entregar seus cartões à terceiros”.
“O cliente acredita estar ligando para a central de atendimento ou agência do Banco, pois o meliante emite os sons que simulam como se uma nova ligação fosse iniciada, mas na verdade ele ainda está na ligação anterior e o interlocutor é o próprio fraudador”, finaliza a nota.
Fonte: Band uol