Cartão pré-pago ganha espaço no mercado com crédito escasso

Com a necessidade cada vez maior dos brasileiros de reorganizar o orçamento em meio à dificuldade para tomar crédito nos bancos, o setor de cartões pré-pagos vem ganhando espaço no mercado brasileiro.

Um levantamento efetuado pela MasterCard em parceria com a Boston Consulting Group mostrou que, até 2017, o segmento movimentará cerca de US$ 18 bilhões no país, chegando em 2020, segundo Grupo Setorial de Pré-Pagos, a 10% das transações feitas com cartões no Brasil. Empresas do setor informam também crescimento expressivo neste ano.

Segundo dados da controladora de cartões Acesso, os clientes que utilizam cartões pré-pagos buscam em sua maioria facilidades na hora de consumir produtos online, já que os cartões de débito simples normalmente não são aceitos pelos sites.

Entre os principais usos do cartão estão compras de assinaturas de serviços online, além de operações que normalmente são efetuadas com o cartão de crédito, como passagens aéreas e pacotes de viagens.

A empresa emitiu 510 mil cartões no ano passado e espera fechar este com mais 1,4 milhão de pré-pagos emitidos.

O presidente da Acesso, Sérgio Kulikovsky, afirma que uma série de facilidades oferecidas pelo cartão pré-pago tornaram esse serviço cada vez mais atrativo no mercado brasileiro.

O consumidor pode adquirir um serviço de cartão pré-pago pelo celular e conta com uma espécie de conta bancária simplificada.

“No atual cenário que vivemos, com a grande demanda por compras online e serviços, os cartões pré-pagos aparecem como uma solução para ações do dia-a-dia como pagar contas”, completa Kulikovsky.

A recarga de cartões pode ser feita por transferência, em caixas dos supermercados Pão de Açúcar e Extra, além dos canais eletrônicos do Itaú e Banco do Brasil. Outra opção é o deposito identificado no Banco do Brasil e Bradesco ou via boleto.

Inadimplentes e não-bancarizados devem impulsionar setor

Os principais usuários de cartões pré-pago no país estão inseridos em grupos que visam manter algum tipo de controle financeiro, afirma o presidente do aplicativo de controle de orçamento GuiaBolso, Thiago Alvarez.

Entre os três principais perfis estão aqueles que buscam colocar o orçamento em ordem, os que buscam um serviço para controle de terceiros, como mesadas dos filhos ou pagamento de empregada ou faxineira, e os que pretendem efetuar compras online, mas não possuem conta bancária.

Há ainda casos de pessoas que usam o pré-pago para a empregada fazer compras para a casa, transferindo o dinheiro da conta para o cartão.
Alvarez acredita que, entre esses três principais perfis de usuários, aqueles para quem o cartão pré-pago é o mais recomendado são os que buscam maior controle de suas próprias finanças e os que não possuem conta em banco.

“Esses dois grupos são as principais apostas de crescimento do mercado de cartões pré-pagos no Brasil. São pessoas que ou precisam adequar suas contas ou querem consumir mas esbarram nas limitações de crédito dos bancos”, afirma Alvarez.

Atenção com relação às tarifas

Apesar das facilidades oferecidas pelo pré-pago, o consumidor deve ficar atento a alguns pontos importantes na hora de adquirir o cartão e não ser surpreendido mais tarde.

Para Alvarez, ainda que o pré-pago traga conveniências e baixos riscos de endividamento, deve-se prestar atenção na política de taxas cobradas nas operações.

Alvarez destaca que as operadoras de cartões possuem taxas diferentes para cada serviço fornecido e, dependendo do cartão adquirido e da frequência de uso dele, o serviço pré-pago deixa de ser vantajoso.

“Alguns cartões possuem muitas taxas e outras poucas. E se o consumidor tiver que utilizar o cartão para fazer muitos saques ou transferências, essas taxas serão cobradas várias vezes e o serviço não fica mais vantajoso do que um cartão de banco convencional”, ressalta.

No caso dos cartões da Acesso, por exemplo, o pré-pago possui três tarifas. A primeira delas é uma mensalidade que apenas é cobrada caso o cliente mantenha dinheiro creditado, no valor de R$ 5,00.

O presidente da Acesso afirma que a principal vantagem desse processo é que o cliente nunca ficará no vermelho e a taxa é cobrada apenas quando há dinheiro na conta.

As demais tarifas incidem sobre as operações de recarga do cartão, no valor de R$ 2,50 e com isenção para valores creditados acima de R$ 500, e de saque em caixas eletrônicos, a um custo de R$ 7,50.

De olho nas taxas, Alvarez, do GuiaBolso, recomenda os cartões pré-pago apenas para os consumidores que forem utilizá-los para pagamentos.

Com relação às compras online, Alvarez recomenda atenção para a possibilidade de o cartão não ter a função internacional.

“Muitas compras feitas pela internet são efetuadas no exterior e exigem um cartão com função internacional, o consumidor deve estar atento a isso na hora de pedir o seu, caso contrário, a funcionalidade do serviço fica limitada”.

Fonte: Exame.com